“Não é quem conhece, é quem o conhece a si”.
“Não é só quem conhece mas o quão bem os conhece”.
Existem imensas definições de networking, pelo que deixo-vos uma que me parece adequada: Criar um grupo de contactos e mantê-lo activo através de comunicação regular para benefício mútuo, baseando esta actividade em “como posso ajudar”, em vez de “o que posso obter”.
A sua rede de contactos, network, pode incluir amigos, colegas, família, com quem pode trocar experiências, contactos, informações, influência e aprendizagem. É muitas vezes através desta rede de contactos que pode iniciar-se um novo negócio ou conseguir-se uma entrevista de emprego.
Como expandir e explorar o seu network
Sou muitas vezes abordado por candidatos, conhecidos e amigos, sobre como fazer network, sobretudo em eventos onde não se conhece ninguém. Depois de ter frequentado centenas de eventos mais ou menos formais, jantares profissionais e de amigos, conferências, entregas de prémios, reuniões de condomínio, reuniões de escola e diferentes tipos de acções sociais, posso assegurar que qualquer evento pode ser bom para expandir o seu network.
Mas tenha em atenção que deve existir uma pré-disposição para tal. Conversar com outras pessoas é imperativo. Tire os olhos do telemóvel e interaja! A social media é importante neste tema, mas não quando está num evento com pessoas reais, que podem contribuir para o seu network e, acredite, para a sua valorização pessoal pois terão conhecimento que lhe poderá ser útil.
Generosidade, autenticidade e atitude
Sim, todas as pessoas podem contribuir e uma das regras fundamentais para desenvolver a sua rede de contactos é não menosprezar ninguém. Manter uma mente aberta é fundamental, e a generosidade é a base de todo o processo. Lembre-se: “como posso ajudar”, em vez de “o que posso obter”.
A melhor forma de estabelecer uma ligação com alguém é demonstrar interesse pelos temas que lhe são caros. Mas não se limite a fazer follow-up; procure ajudar ou contribuir de alguma forma. Essa atitude, se verdadeiramente genuína, deixará certamente uma marca muito mais positiva que o seu business card.
Claro que o que descrevi é mais fácil para alguém com um perfil mais extrovertido ou relacional. Mas mesmo que não seja esse o seu perfil, não deixe de confraternizar e de procurar tirar o melhor partido do evento em que se encontra. Procure alguém que já conheça – um aliado -, e garanto-lhe que o momento tornar-se-á mais leve. A sua atitude é fundamental para que estas interacções aconteçam e sejam apreendidas pelos seus interlocutores como autênticas.
Regras e Dicas
1. Começar antes de precisar
Network não é trocar cartões hoje e fazer negócio ou pedir ajuda amanhã. Se começar a trabalhar este tema apenas quando precisa, o seu nível de ansiedade não lhe permitirá explorar o potencial das relações, e corre até o perigo de se tornar inconveniente.
2. Planear
Muitas pessoas vão para eventos, mas muito poucos os que os aproveitam de forma eficaz. Networking é mais do que sair e conhecer pessoas. Networking é ter um plano estruturado para conhecer quem poderão ser os seus parceiros de negócio, ou quem o poderá apresentar a esses parceiros.
Trace um plano e estabeleça objectivos. Previamente coloque a si mesmo estas questões: Qual o objectivo principal? Quantas pessoas pretende conhecer? Onde pode encontrar clientes e potenciais clientes? Que imagem ou marca pretende deixar? O que pode dar às pessoas que conhecer?
Planeie e mantenha presente que estes processos são demorados. Ser perseverante é uma característica fundamental.
3. Analisar, previamente, os eventos em que participa
Antes de participar num evento, seja uma conferência, um jantar ou um workshop, informe-se sobre os restantes participantes, oradores, professores. Desenhe uma estratégia que lhe permita abordar aqueles que lhe parecerem mais pertinentes para os seus objectivos.
Uma história interessante que ouvi recentemente numa conferência foi relatada por Paddy Cosgrave, o fundador do Web Summit. Paddy conta que antes das conferências em que participava garantia que sabia, não apenas quem estaria presente, mas onde ficariam hospedados. Deste modo, se não conseguisse abordar alguém no evento, seguiria para o respectivo hotel e esperaria no bar. O ambiente informal, diz, permite uma aproximação mais interessante e garante uma história para recordar no futuro – Aliás, diga-se que um dos factores de sucesso do Web Summit é exactamente a forma como consegue promover o network, mesmo entre os mais introvertidos.
4. Não desconsiderar ninguém
Vivemos numa sociedade de rótulos e os eventos de network não são excepção. Quando usamos badges ao pescoço com nome e a empresa a que pertencemos estamos efectivamente rotulados. É verdade que é um elemento que ajuda na identificação e que pode servir com quebra-gelo. Mas, o que acontece quando não há esses rótulos? Podemos abordar ou ser abordados por diferentes pessoas que nos podem interessar ou nem tanto… no imediato. Lembre-se que o network não se esgota com a reunião que conseguiu para a semana seguinte!
5. Ser generoso
O network resulta quando não temos só a nossa agenda a comandar-nos. O verdadeiro networker é alguém que dá, frequentemente, mais do que recebe. A melhor forma de estabelecer um contacto duradouro é ajudar alguém que acabou de conhecer.
6. Sair da zona de conforto
Network não é só fazer likes e coleccionar contactos em redes sociais. Tem de conseguir expor-se e acreditar em si, nas suas capacidades e no conhecimento que tem para partilhar.
7. Deixar a timidez em casa
Pense que as outras pessoas também estão ali para retirar algo do evento e conhecê-la(o) pode ser uma mais-valia para ambos. Abordar as pessoas que estão sozinhas é tipicamente uma boa estratégia.
8. Fazer ligações
Saiba como ligar as pessoas, empresas, eventos e tudo fará sentido. Lembra-se daquela pessoa que deambulava sozinha na sala e que você abordou há três meses numa conferência? É a mesma que hoje está a conversar com a pessoa que você mais queria conhecer neste evento. Como disse, é um caminho longo e não de curto prazo.
9. Dar seguimento
Faça o follow-up dos contactos efectuados. Sempre. Nos casos em que a conversa foi mais interessante, onde partilharam opiniões sobre determinados temas, pode ser relevante partilhar artigos ou histórias sobre o que falaram.
10. Diversificar. Participe em diferentes grupos de network.
Ivan Misner, fundador do Business Network International (BNI), identifica 4 tipos de network:
- Contactos casuais
- Conhecimento: tipicamente promovido por associações ou grupos sectoriais e funcionais
- Grupos: grupos puros de network que organizam encontros regulares com o único propósito de o promover, de que é exemplo o BNI
- Online: cujo exemplo mais comum é o Linkedin
Misner fala também do modelo VCR: Visibilidade (as pessoas conhecem-no e sabem o que faz), Credibilidade (sabem quem é, o que faz, e que é bom ao fazê-lo) e Rentabilidade (confiam em si o suficiente para fazerem negócio consigo).
Concluindo, lembre-se que network é mais do que entregar o seu business card. É, acima de tudo, o conjunto de relações que estabelece com as pessoas que conhece ao longo do seu percurso pessoal e profissional, seja num jantar, num evento profissional, ou num bar de um hotel depois de uma conferência.
E, por falar nisso, já estamos ligados nalguma rede social profissional? Do que está à espera? Um convite de Linkedin é fácil. Mais fácil do que abordar alguém com quem nunca falou. Ouse! O não já está garantido e todos os sins serão vitórias!
* (O autor escreveu este texto com base na ortografia antiga)