Esta semana ficámos a saber que o Estado nivela salários pela tabela do setor da grande distribuição, pelo menos no que toca à categoria de Oficial de Justiça, que ganha equiparada à de Caixas de Supermercado. Ou se quisermos ser mais progressistas, técnico de cobranças. Soubemos também que a Defesa já não é atrativa para os jovens e que temos mais “chefes do que índios”. A estes exemplos junto as profissões de professor e a de médico, cada vez mais em declínio.
Sabendo que estamos perante áreas estruturantes da sociedade, que um oficial de justiça desempenha uma função-chave para que o seu tribunal possa fazer justiça de forma célere, que muitas vezes conhece o processo tão bem (ou melhor) que o seu magistrado, não será de repensar o salário que este profissional leva para casa no final de cada mês?
O provérbio diz que “a ocasião faz o ladrão”. No caso dos médicos, a ocasião dita a ida para o privado ou para a expatriação. No caso dos professores, o abraçar de outra profissão, deixando para nem sei muito bem quem a tarefa de educar as gerações mais novas. Na Defesa, agora com mais “chefes do que índios”, os mais novos optam pela pele de civil pouco tempo depois de vestirem a farda.
O Estado, que apregoa que as empresas têm de impulsionar a economia e pugnar por melhores salários, tem, ele próprio, uma bitola muito baixa. E não, não vou dar o exemplo dos deputados como profissionais que ganham acima da média. Defendo a necessidade de haver profissionais na política. Já os subsídios a que têm direito, porque temos medo de lhe chamar salário, é outra história que deixo para próxima ocasião
Quem nos governa parece estar cada vez mais alheado da realidade do dia-a-dia. Da realidade que mostra um país a regredir semana após semana em setores como o da Saúde, onde os doentes foram ao baú desenterrar o velho método de dormir à porta da Unidade de Saúde para assim conseguir uma consulta. Onde os doentes continuam a aguardar nas urgências dos hospitais horas e horas por uma consulta. Por onde anda, o que tem feito o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde?
Equidade precisa-se se não queremos continuar a ser ultrapassados por países que há poucos anos estavam sob o domínio soviético. O próximo poderá ser a Ucrânia.
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