
República Portuguesa. É com estas duas palavras que o nosso país assina os seus documentos oficiais. Apesar disso, continuam a proliferar barões, marqueses, condes e duques, que vivem numa espécie de mundo fantástico, em que os títulos são reconhecidos e respeitados. A editora-executiva Catarina Guerreiro mergulhou nesse universo e dele trouxe histórias de ler e chorar por mais. Muitos ainda vivem em palácios, usam anel e casam-se com primos. “Ser nobre nos dias de hoje é ter sentido de serviço e seguir certos valores”, diz, com visível orgulho, o duque de Lafões, Afonso de Bragança (homónimo do filho do pretendente à Coroa). Descendentes de famílias nobres existem muitos, mas há 376 títulos em uso no País que são reconhecidos pelo Instituto da Nobreza Portuguesa. Títulos de duque há apenas sete, de marqueses existem 35. Depois há 128 condes, 148 viscondes e 58 barões. Como vivem, o que fazem e como se relacionam todos estes nobres? Leia o que nos conta a nossa enviada especial à elite da nobreza portuguesa e registe os testemunhos, entre outros, do marquês de Abrantes e do conde de Viana, do barão de Oliveira Lima, da condessa da Barca, do visconde Sanches de Baena, e dos condes de Rio Maior, de Matosinhos e de Avintes. Noblesse oblige.
Suspeitas de Pedrógão alastram-se
É verdade. A história de irregularidades e alegadas fraudes na reconstrução de habitações em Pedrógão Grande, na sequência dos incêndios de junho de 2017, que a VISÃO divulgou em primeira mão em julho passado, e que a TVI também agarrou mais tarde, continua a ter desenvolvimentos. O jornalista Octávio Lousada Oliveira, o primeiro a “escavar” a história e a desenvolvê-la em edições posteriores, tropeçou, desta vez, com um relatório do Instituto de Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e chegou a uma conclusão interessante: o relatório, entregue ao Governo e à CCDR Centro no ano passado, mostra que o número de primeiras habitações ardidas pode ter sido inflacionado. Os dados não batem certo com as reconstruções financiadas com os donativos dos portugueses. Saiba mais aqui e leia a história completa na edição em papel.
O pior e o melhor do nosso mundo
O mais conhecido jornalista dos EUA, Bob Woodward, descreve no seu último livro a forma como a Casa Branca se tornou um sítio de loucos, graças a Donald Trump. Em exclusivo, publicamos o prólogo da edição portuguesa de Medo, obra incontornável para se entender o atual Presidente dos Estados Unidos da América.
Mas os sinais de retrocesso civilizacional que o mundo vive tem contraditórios que ajudam a torná-lo um pouco mais paradoxal. Por cá, a modernidade e o futuro voltam a ter a sua feira, em Lisboa. O Paulo M. Santos antecipa-lhe a Web Summit: durante quatro dias, de 5 a 8 de novembro, Lisboa torna-se a capital do mundo geek. São esperadas mais de 70 mil pessoas, para ver e ouvir as novas tendências tecnológicas e discutir o futuro. Se não quiser perder-se neste megaevento, com mais de 1 200 oradores, aqui tem um guia com aquilo que não pode falhar, a acompanhar um dossiê da Time que publicamos, em exclusivo para Portugal, com um cuidado levantamento das 50 empresas mais geniais do mundo. Uma palavra pode resumir tudo isto: fascinante.
Mas Portugal também tem as suas empresas de sucesso. Aos 39 anos, Rui Miguel Nabeiro é o rosto rejuvenescido da Delta Cafés, a empresa fundada pelo avô Rui, que hoje se senta na presidência do conselho de administração do Grupo Nabeiro, sob o qual operam 19 empresas de vários setores de atividade. “Eu tenho uma vantagem fantástica, porque o meu avô é uma pessoa que construiu o que construiu, mas que dá imenso espaço para trabalhar”, assegura o gestor, antes de revelar à nossa jornalista Margarida Vaqueiro Lopes as novidades que estão prestes a chegar ao mercado. Entre estas, há uma mais disruptiva: a entrada num novo setor de atividade…
Mas se umas têm sucesso, outras tiveram os seus problemas. A Polícia Judiciária de Setúbal concluiu que a planta de uma zona da Herdade da Comporta foi falsificada, e que esse crime permitiu que o Plano de Pormenor dos Brejos da Carregueira fosse aprovado, mesmo quando ali já proliferavam centenas de construções ilegais. O ex-presidente da Câmara de Alcácer do Sal é um dos arguidos. E a Sílvia Caneco conta-lhe a história.
O Nobel fez 20 anos e o jornalista Joaquim Vieira, que já escreveu as celebradas biografias de Mário Soares ou de Francisco Pinto Balsemão, volta ao prelo com uma grande e suculenta biografia de José Saramago. A Sílvia Souto Cunha já a leu e falou com o autor, que considera: “Ele tinha o prazer secreto de ter vindo de fora do meio literário e de ter ultrapassado os outros. Era algo que muito valorizava…”
Mesa para 10, 15 ou mais
No tema de capa da VISÃO Se7e desta semana, reunimos os restaurantes que apostam em mesas comunitárias – e são cada vez mais a sentar-nos lado a lado, com desconhecidos. Como o Brick, no Porto, onde só há mesmo duas mesas corridas, a privilegiar a conversa e a partilha de sabores.
Opinião indispensável
Mafalda Anjos, diretora, no seu editorial sobre o Brasil: “Em causa, mais do que uma disputa entre ideologias de esquerda ou de direita, está a sobrevivência dos valores democráticos e dos princípios fundamentais de um Estado de Direito”
António Lobo Antunes e as suas memórias de infância: “Numa das ocasiões em que lá foi espreitou a minha turma pela janela e voltou aterrada porque eu me achava sentado ao contrário na carteira, a olhar para o tecto. Segundo ela a setora de Francês perguntou-lhe
– Como é que eu podia chumbar aqueles olhos azuis?
e a minha mãe chegou a casa capaz de estrangular-me, a repetir advérbios de modo que levou a minha infância a atirar-me à cara:
– Francamente”
Rita Rato sobre o Orçamento: “Onde falta investimento público sobram redução do défice e imposições da União Europeia e do Euro; onde falta valorização do trabalho e dos trabalhadores sobra um serviço insustentável da dívida”
José Carlos de Vasconcelos, ainda sobre o Brasil: “O [partido] fundado por Lula foi o que menos sofreu no tsunâmi político que varreu o país: foi o que mais deputados elegeu e o seu candidato presidencial, FH, passou à 2ª volta, obtendo cerca de 45 milhões de votos; ora, o PMDB, de Temer, e o PSDB, do ex-Presidente FHC, sofreram uma queda brutal”
Miguel Araújo, sobre o quotidiano: “Daqui da janela vê-se bem que Deus não fez o mundo como tu dizes aí nesses teus panfletos, Deus vai fazendo, ou melhor, vem fazendo”
E Ricardo Araújo Pereira, sobre a sua unha encravada: “Apesar de ter, provavelmente, vários outros assuntos urgentes para tratar, Deus resolveu dedicar bastante atenção às eleições brasileiras. Na Indonésia, Ele permitiu que houvesse um sismo, um tsunami e uma erupção vulcânica. Nos Estados Unidos, deixou que matassem 11 judeus numa sinagoga – o que não pode ter deixado de O transtornar, uma vez que tem judeus na família. E uma das minhas unhas continua encravada, sempre perante a Sua passividade”
Para a semana, cá estaremos!