Muitas atividades ficaram, e vão continuar nos próximos tempos, em suspenso. E se na hotelaria e restauração o impacto foi desastrosamente imediato, na mediação imobiliária as consequências vão começar a surgir agora.
Num negócio que vive de (muitos) contactos presenciais, o medo provocado pelo novo coronavírus pode deixar muitos proprietários que têm as suas casas à venda com dúvidas sobre o estado de saúde dos potenciais compradores levando à redução do número de visitas, provocando assim um efeito direto nas vendas.
No mercado chinês, precursor deste movimento de infeção e já com mais de três meses de gestão de crise, as quebras na venda de casas têm sido significativas. Segundo a Bloomberg, as principais construtoras da China viram as vendas caírem no mês passado com o surto de coronavírus.
No conjunto de 30 grandes promotores imobiliários, a queda nas vendas rondou os 33% em média em comparação com fevereiro de 2019, a descida mais significativa dos últimos seis anos. Entre os mais atingidos, destacaram-se o China Jinmao Holdings Group (queda de 69%), Greentown China Holdings (queda de 67%) e China Aoyuan Property Group (queda de 65%).
A única companhia que inverteu a tendência foi a China Evergrande Group cujas vendas aumentaram os 108% em fevereiro graças à agressiva campanha de marketing que ofereceu descontos até 25% no custo das casas de muitos dos seus projetos.
Um outro artigo, mas da Business Times, dava conta que a venda de casas tinha caído 90% em fevereiro de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado em 36 cidades chinesas monitorizadas pela China Merchants Securities. Em locais como Hong-Kong, onde até há bem pouco tempo o metro quadrado era dos mais elevados do mundo, já há proprietários a baixar os preços das casas entre 8 a 10%.
Por cá, a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) veio também declarar que o setor imobiliário está já a sofrer as consequências do surto COVID-19.
“Defendemos por isso que haja por parte do Estado uma ação efetiva junto do setor financeiro, para que a Banca tenha um papel de apoio às empresas, e não de aproveitamento perante eventuais situações de incumprimento motivadas pelas dificuldades de faturação que as empresas irão enfrentar neste período”, disse Luís Lima, presidente da APEMIP, enumerando algumas medidas de proteção para as empresas tais “como a suspensão de penhoras fiscais, o financiamento à tesouraria das empresas, a implementação de moratórias, e a suspensão dos despejos no comércio e serviços”.
Mas não só. O porta-voz das empresas de mediação imobiliária pede também proteção para as famílias como já acontece na Itália. “Esta é uma situação inédita e por isso exige medidas inéditas. A questão das moratórias já está a ser aplicada em Itália, por exemplo, onde foram suspensos os pagamentos das prestações de crédito à habitação. Neste momento, é necessário que haja união nacional, e que os partidos estejam, todos eles, alinhados com o Governo na defesa dos cidadãos e da economia”, rematou ainda o responsável.