A técnica fMRI (de functional magnetic resonance imaging, ou ressonância magnética funcional) é um método não invasivo de análise ao cérebro que monitoriza o fluxo de sangue oxigenado à distância, sem serem necessários elétrodos implantados no paciente. Uma vez que as células ativas do cérebro requerem mais energia e oxigénio, esta métrica permite medir indiretamente a atividade cerebral.
Por natureza, o método não capta atividade em tempo real, porque os sinais elétricos enviados pelas células cerebrais movem-se mais rapidamente que o sangue se move, mas os autores de um estudo publicado agora no bioRxiv e noticiado pelo The Scientist perceberam que podem usar esta medida imperfeita para descodificar a semântica do significado dos pensamentos. Nesta fase, ainda não conseguiram produzir traduções palavra-por-palavra dos pensamentos.
A equipa analisou o cérebro de uma mulher e de dois homens, com idades entre os 20 e os 30 anos. Cada participante ouviu 16 horas de podcasts e emissões de rádio, em diferentes sessões e as análises da atividade cerebral foram submetidas a um algoritmo que comparou e processou os padrões medidos. A experiência depois consistiu em tentar recriar as histórias ouvidas, apenas com base na atividade medida e Alexander Huth, neurocientista que liderou os trabalhos, conta que os resultados foram “bastante bons”. Ou seja, o descodificador conseguiu inferir que história foi ouvida por cada participante com base apenas na atividade cerebral. Embora seja de notar que houve algumas imprecisões, nomeadamente no uso da primeira ou da terceira pessoa ou em alguns pronomes.
Os cientistas pretendem continuar os trabalhos de investigação neste sentido para desenvolver depois interfaces cérebro-computador que possam ser usadas por pessoas que não podem falar ou escrever.