Jerome Siegel, neurologista da Universidade da Califórnia, explica que, na natureza, as criaturas de sangue quente e com baixas temperaturas corporais tendem a ter um sono REM mais prolongado, enquanto criaturas com temperaturas mais quentes, como os pássaros, passam por períodos de REM mais curtos. O especialista defende que esta relação deve ser investigada de forma mais profunda e avança com a teoria de que “o sono REM pode ser visto como um mecanismo de aquecimento do cérebro controlado termoestaticamente, e que é desencadeado pela redução da temperatura associada ao reduzido metabolismo e diminuição do consumo de energia em sono não-REM”.
Durante o sono REM, o cérebro torna-se bastante ativo, o que leva a um aumento de temperatura e este tipo de sono acontece quase sempre depois de um período não-REM, onde o cérebro e corpo estão mais frios e menos ativos.
Siegel acredita que o sono REM pode existir para ajudar a proteger o cérebro dos animais do frio e permitir-lhes o necessário descanso. Esta teoria ganha força quando se sabe que há animais que dormem durante mais ou menos tempo conforme a estação do ano em que se encontrem.
Os golfinhos, enquanto mamíferos que não passam por sono REM, podem constituir a exceção que prova a regra, com a anomalia a dever-se, possivelmente, à natureza uni-hemisférica do sono destes: uma parte do cérebro adormece de cada vez. Nestes casos, não é necessário o ‘aquecimento’ do REM porque parte do cérebro mantém-se ativa e a produzir o calor.
A teoria de Siegel pode ajudar a explicar melhor a relação entre o descanso de que os organismos precisam e o facto de terem de conseguir acordar regularmente em caso de ameaça e mesmo que o corpo esteja a baixas temperaturas.
Leia o estudo completo publicado no The Lancet.