A missão Chang’e 5 trouxe 1,73 quilos de rocha lunar para a Terra em dezembro do ano passado. A primeira remessa de 31 amostras pesando 17 gramas no total foram distribuídas em julho por 13 entidades de investigação. Agora, a publicação Space.com torna públicas as áreas de investigação de algumas destas organizações. O Instituto de Investigação de Geologia de Urânio, em Pequim, está a analisar 50 miligramas de rocha em busca do isótopo hélio-3 que é extremamente raro na Terra, mas que se acredita ser mais abundante na Lua. Objetivo? Perceber se é possível usar os recursos que existem na Lua para criar energia de fusão nuclear.
A procura é feita com equipamentos desenhados especificamente para esta atividade e com o contentor a ser aquecido gradualmente até aos 1000 graus centígrados. “O principal objetivo do estudo é determinar o conteúdo de hélio-3 no solo lunar e os parâmetros de extração de hélio-3, que indica a que temperatura o podemos extrair e como o hélio-3 se prende ao solo. Vamos conduzir um estudo sistemático sobre estes aspetos”, determinou Huang Zhixin, investigador que lidera estes trabalhos. O hélio-3 tem vindo a ser promovido como um potencial combustível a usar em instalações de fusão nuclear, sendo que na Terra não é muito abundante.
Apesar deste interesse, ainda estaremos longe do momento em que se extrai este material na Lua para ser enviado para a Terra para alimentar instalações e aparelhos cá, devido aos custos exorbitantes de investimento inicial e de infraestrutura para tornar estas operações uma realidade. Ainda assim, “fazer novas leituras de concentração de hélio-3 em novas localizações tem um elevado valor científico”, descreve Ian Crawford, professor de ciência planetária e astrobiologia na Universidade de Londres, Reino Unido.
Alguns dos modelos atuais de geração de eletricidade por fusão nuclear que estão a ser equacionados usam isótopos de hidrogénio como fonte, por serem abundantes na Terra. Este tipo de estudos “não só tem um grande valor para a potencial exploração destes recursos de energia nuclear na Lua para o futuro, mas também tem um significado importante para o estudo científico da Lua por si e da sua relação com a Terra”, descreve Li Ziying, do mesmo Instituto.
Outras equipas chinesas estão a analisar as amostras para obter informações sobre a atividade vulcânica na Lua e descobrir outros pontos importantes da história lunar, como forma de potencialmente complementar a história da Terra.
Há um segundo lote de rochas lunares para ser distribuído entre as organizações e institutos que manifestem o seu interesse às autoridades chinesas.