A angústia de um guarda-redes antes de um penálti é a mesma de um banco central antes de uma crise rebentar. No relvado tal como na economia, se estes se atiram para um lado – mesmo que seja o certo, um segundo depois do tempo –, pode ser tarde demais para evitar um desastre. Quando tudo corre bem no jogo, passam despercebidos e quase só são notícia quando cometem erros.
Em Buenos Aires, um ano depois de a seleção albiceleste ter conquistado o mundial de futebol, Javier Milei entrou a pés juntos: o novo líder prometeu acabar com o banco central do país, eliminar o peso e tornar o dólar norte-americano a moeda oficial. Uma medida que traz à memória o tempo do “uno a uno”, na década de 90, quando a Argentina fixou a paridade entre o dólar e o peso, o que, na altura, culminou numa das maiores recessões económicas da história do país.