Françoise Bettencourt Meyers, neta do fundador da L’Oreal Eugène Schueller, é a primeira mulher da história a atingir uma fortuna de 100 mil milhões de dólares, à boleia da valorização da empresa francesa de moda e cosméticos, em bolsa.
De acordo com o índice de multimilionários da Bloomberg, a sua fortuna está agora – sexta-feira, 29 de dezembro – avaliada em 100,2 mil milhões de dólares, numa altura em que as ações da L’Oreal registam o seu melhor ano em bolsa desde 1998.
A empresa valorizou-se 34% este ano, graças aos fortes resultados que foi apresentando ao longo de 2023, conseguindo sempre superar as estimativas dos analistas, o que se refletiu no apetite dos investidores no mercado de capitais.
Apesar disso, o mercado da China é uma forte preocupação para a empresa. Em Pequim, a L’Oreal lidera o mercado com uma avaliação de 78,9 mil milhões de dólares, mas teme que os chineses comecem a preferir marcas locais, tal como fazem já noutras áreas.
Ainda assim, os analistas estimam que os títulos da empresa possam escalar mais 12% no próximo ano, graças ao resiliente negócio” e diversidade de produtos, de acordo com dados da Edge Researcher, citada pela Bloomberg.
Os negócios
Françoise Bettencourt Meyers é vice-presidente da administração da L’Oreal, e dona Téthys, uma “holding” criada em 2016, cujo diretor executivo é Jean-Pierre Meyers, seu marido. Recentemente, a companhia adquiriu parte da April Group, uma seguradora francesa, uma fatia da marca de moda Sezane, além de ter investido na Elsan, que gere hospitais privados no país liderado por Emmanuel Macron.
A L’Oreal, fundada em 1909, é gerida há vários anos por gestores de fora da família proprietária, que a têm mantido lucrativa ao longo das décadas. Na época da sua fundação, o seu “core” era a venda de tintas para o cabelo que o próprio Eugene Schueller tinha produzido.
Para além de sua participação na empresa, Bettencourt Meyers escreveu dois livros – um sobre a Bíblia e outro sobre mitologia grega – e é pianista. Tem dois filhos, Jean-Victor Meyers e Nicolas Meyers, também diretores da L’Oreal.
Apesar de ter conseguido ultrapassar a mítica barreira dos 100 mil mihões de dólares, a fortuna de Bettencourt Meyers é ainda menor do que a do rival francês Bernard Arnault, dono do grupo LVHM, que está avaliada em 179,4 mil milhões de dólares – e que esta semana se tornou o segundo mais rico do mundo, de acordo com o mesmo índice.
Uma relação às avessas
Françoise Bettencourt Meyers, 70 anos, é filha de única de Liliane Bettencourt, filha de Eugène Schueller, e de André Bettencourt, ex-político francês. Após a morte da mãe, em 2017, Bettencourt Meyers assumiu a empresa, sendo a sua maior acionista com 35% das ações. Os filhos são também diretores na L’Oreal.
A relação entre Françoise Bettencourt Meyers e a mãe nunca foi a melhor. Em 2010, Liliane acusou a filha de querer apressar a sua morte, num comunicado público. Em causa esteve uma acusação de Françoise sobre François Marie Banier, amigo da família e fotógrafo de celebridades, que recebeu mais de mil milhões de dólares em peças de arte, dinheiro e imóveis por parte da mãe. Françoise achava que François estava a tentar aproveitar-se da idade avançada da mãe, na altura com 87 anos, para a explorar.
O drama familiar deu até origem a uma série de três episódios da Netflix, que estreou este ano, chamada “O Caso Bettencourt: Escândalo Com a Mulher Mais Rica do Mundo”. Uma boa dica para aproveitar neste fim-de-semana prolongado que encerra 2023.