Sob o “carimbo” ESG esconde-se um intrincado e pouco claro articulado de normas e práticas, claramente não muito acessível para o investidor da poupança. A indústria explodiu nos últimos anos. Segundo a Morningstar, no final de março, 57% dos ativos sob gestão na União Europeia (UE) – €4,9 biliões – estavam alocados a fundos com a marca “sustentável”, e o mercado crê que a tendência é para continuar. Os especialistas antecipam um crescimento de 300% nos próximos três anos, segundo um inquérito do Dow Jones, em setembro de 2022, a 200 líderes das finanças mundiais. Diversos escândalos, envolvendo grandes gestoras globais, e múltiplos estudos têm, no entanto, levantado questões sobre o verdadeiro pigmento destes investimentos. Afinal, quão verdes e sustentáveis são estes fundos? Há pouco mais de um ano, a Clarity AI – a tecnológica líder na análise de impacto ambiental e social em mais de 30 000 organizações em todo o mundo – concluía que em apenas 7% dos fundos analisados (31 000), mais de 10% das receitas provinham de atividades verdes ou sustentáveis, assim definidas pelo sistema de classificação desenvolvido pela UE – a taxonomia. Nos fundos com as regras mais lassas (os do Artigo 8), a média de receitas ficava mesmo em linha (3,9%) com os resultados do mercado global (3,6%). A exposição ao setor de combustíveis fósseis tem adensado a polémica. Dados anuais da Morningstar revelam que apenas uma minoria dos fundos do Artigo 8 (21,8%) e do Artigo 9 (24,4%) não têm qualquer envolvimento com combustíveis fósseis, e 40,2% e 33%, respetivamente, têm mesmo uma exposição superior a 5%. Greenwashing? Como em tudo na política e nas finanças, o tema é mais complexo do que isso.
Sujeito a interpretações