A C-MORE|Beyond the Obvious desenvolveu o algoritmo e através da parceria estratégica com a IBM, integrou alguns dos produtos do portefólio Watson. É assim que nasce uma ferramenta que, disponibilizada em três tipos de pacotes diferentes, promete facilitar a vida das empresas no caminho da sustentabilidade.
O conceito é simples: a atividade da empresa é avaliada a partir de 435 métricas que seguem os mais rigorosos protocolos internacionais, e os responsáveis têm depois acesso a uma espécie de quadro simplificado em jeito de avaliação, e que serve também para ir monitorizando a evolução ao longo do tempo.
As equipas da C-MORE e da IBM estarão por perto a acompanhar o caminho, de forma a conseguirem dar o melhor apoio na concretização dos objetivos definidos pela empresa – de acordo com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.
E apesar de muitos continuarem a acreditar que a sustentabilidade é algo ligado apenas ao ambiente ou a boas práticas que não trazem retorno, a IBM e a C-MORE são claras quando falam do seu impacto na economia – e na sobrevivência de uma empresa no atual mercado.
“A sustentabilidade é uma tendência que surge em 2005 numa parceria de um relatório que se chama ‘Who cares, wins’”, começa por recordar à EXAME Carolina Almeida Cruz, co-fundadora e CEO da C-MORE. “Quando, 16 anos depois, temos uma start-up portuguesa a firmar uma parceria com uma das maiores multinacionais de todos os tempos, estamos a dizer ao mercado que a sustentabilidade é um dos grandes motores/drivers da economia”.
Por seu lado, Lara Campos Frota e Luís Gregório, Ecosystem Leader e Technical Partner Architect da IBM, respetivamente, realçam que a parecia que foi desenhada em conjunto, “assente na tecnologia IBM Watson, vem reforçar no mercado a visão da IBM e o valor aportado pelos serviços da IBM Cloud assentes em Inteligência artificial que procuram aumentar o potencial das pessoas nas organizações”. Em respostas enviadas à EXAME por escrito, salientam que “num tema, tão eminente e ao mesmo tempo tão abrangente como o da sustentabilidade, facilmente aspetos importantes para a sua avaliação passariam despercebidos. Com a inclusão do portefólio IBM Watson na solução, a C-MORE e as organizações que usarem a sua solução serão assistidos pelas tecnologias IBM Watson para detetar todos os aspetos relevantes para cada aspeto da sustentabilidade e a forma como cada aspeto impacta a sua estratégia atual e futura”.
Para já, este SaaS ( Software as a Service) tem três pacotes disponíveis para as empresas: Light, Base e Premium. As entidades não revelam os valores de subscrição de cada um, mas garantem que qualquer micro ou PME tem capacidade financeira para efetuar este investimento anual, que acreditam que terá retorno a médio prazo. “Who cares, wins”. Para as empresas com maior músculo financeiro – ou que pretendam focar-se numa área específica, há ainda a possibilidade de ter uma subscrição on demand, com objetivos e soluções totalmente personalizados.

“Após um conjunto de perguntas padronizadas, consegue perceber-se o estágio de maturidade ESG (Environmental, Social and Governance) em que a empresa se encontra, o seu posicionamento face aos maiores riscos reputacionais, o seu posicionamento relativamente a outras empresas do mesmo setor, os ODS e respetivas metas para as quais a empresa pode contribuir ativamente e um conjunto de até 10 iniciativas prioritárias que a empresa deve implementar. Uma outra funcionalidade da nossa plataforma é a monitorização de indicadores e a definição de metas”, simplifica o CTO da C-MORE, Vasco Jesus.
Se não existe, cria-se
A C-MORE, que nasceu no início deste ano, presta serviços de consultoria estratégica no âmbito da sustentabilidade, precisamente. Foi assim que identificou as dificuldades que muitas delas tinham de perceber por onde poderiam começar a integrar os conceitos ESG na sua atividade. “Percebemos que para a grande maioria das empresas o desconhecimento sobre esta temática era enorme e que era fundamental dar uma resposta a esta necessidade numa linguagem direcionada para o negócio e que era fundamental sermos simples e práticos e darmos soluções”, salienta Vasco Jesus.
“Tivemos como base as normas internacionais como o GRI (Global Reporting Initiative) e os SASB (Sustainability Accounting Standards Board) e criámos um algoritmo que tem em conta o setor de negócio, dimensão e país da empresa”. Aliás, adiantam os responsáveis, para além dos vários clientes em Portugal, esta ferramenta está atualmente a caminho do Brasil, com 17 potenciais interessados, grande maioria cotados na BOVESPA, a Bolsa de Valores de São Paulo.
Só na sustentabilidade se cresce
“As organizações ainda têm dificuldade em ver na sustentabilidade o caminho para o crescimento do seu negócio”, lamentam os responsáveis da IBM. “E é aqui que temos que sensibilizá-las, levando-as a entender o verdadeiro ciclo da economia circular e do negócio sustentável. É aqui que a solução criada pela C-MORE será da maior relevância para as organizações permitindo-lhes conhecer onde devem melhorar e onde já estão por comparação com os seus pares, conseguindo-o fazer à medida que vão percebendo o impacto que tem no crescimento dos seus negócios”.
As organizações ainda têm dificuldade em ver na sustentabilidade o caminho para o crescimento do seu negócio
IBM
A multinacional, que tem na sustentabilidade um dos seus pilares de crescimento, há alguns anos, garante que também por experiência própria sabe bem as dificuldades e benefícios de integrar os ODS na sua estratégia de futuro. E aplaude o conhecimento e maturidade de uma start-up que, apesar de ter chegado agora ao mercado revela um “conhecimento muito aprofundado e uma visão que endereça os desafios inerentes à avaliação da sustentabilidade”. Foi por isso, garante, que se tornou óbvio o firmar desta parceria que sai de Portugal, mas que se pretende que chegue a todo o mundo.
“Com esta parceria, a IBM e a C-MORE serão referência incontornável no mercado disponibilizando uma solução que trará transparência e um reconhecimento do mercado pelas marcas que seguem as práticas mais sustentáveis e sãs para o seu mercado local e global”, salienta a IBM.
Já a C-MORE admite que se quer posicionar como “a empresa de referência no mercado no âmbito da sustentabilidade e quer ser a solução nas empresas nesta matéria para a sua definição de estratégia e monitorização”, afirma Carina Abreu, co-fundadora e COO da C-More. Daí que esta sinergia com a IBM seja um passo de extrema importância na sua estratégia de afirmação e reconhecimento.
“A sustentabilidade tem na base a colaboração, cooperação e a premissa de sinergia. A partir do momento em que uma empresa como a C-More tem a abertura de uma multinacional como a IBM de serem entidades parceiras, faz com que tenhamos a certeza de que avaliar e monitorizar critérios ESG é o caminho certo para nós e os nossos clientes”, conclui Carolina Almeida Cruz.