Com ou sem pandemia, o Natal é época de celebração, mesmo que este ano tenhamos de estar menos pessoas à mesa, com mais distanciamento e com máscaras nos entremeios. E se há iguarias gastronómicas que dificilmente faltam na mesa dos portugueses – desde o bacalhau ao cabrito, passando pelo peru ou o Bolo-Rei – o mesmo acontece com o vinho, geralmente a bebida mais escolhida pelos convivas para assinalar estes dias.
Num País que este ano produziu 6,7 milhões de hectolitros de vinho, divididos por 14 regiões, não é complicado encontrar, dentro de portas, soluções para todos os gostos e orçamentos. E claro, ocasiões.
Por isso, pedimos ao enólogo Diogo Lopes – responsável por projetos como a Herdade Grande, Adega Mãe ou Cazas Novas – ajuda para selecionar algumas garrafas que, acreditamos, farão a diferença na sua mesa de Natal.
“À mesa de Natal tem de estar vinho do Porto”, começa por dizer o enólogo, assim que atiramos a primeira pergunta. “Nós, portugueses, temos um vinho emblemático de Portugal e ninguém liga nada ao vinho do Porto. É obrigatório estar na mesa de Natal, mas na verdade tem de estar presente no dia-a-dia”, pede, ao mesmo tempo que avisa que para isso é só preciso não complicar.
Por isso, para quem não tem grandes preferências, a sugestão é que escolha um Porto “tawny 10 anos, que é fácil e relativamente acessível. Além disso, dá para abrir e guardar. Portanto pode servir-se como aperitivo e depois pô-lo na porta do frigorífico”, estando sempre pronto a servir. Apesar de o especialista não ter sugerido qualquer referência em específico, nós ajudamos: os clássicos D’Alva ou Quinta do Vallado são boas opções e dificilmente desiludem.
Então e para quem não aprecia os tawny? “Não tenham medo. É escolher um Ruby Vintage ou um LBV, e não esquecer que estes devem ser bebidos em dois ou três dias. Um vintage vai muito bem com os queijos, por exemplo. Eu diria que é para abrir a seguir ao almoço, e antes do jantar pode continuar a apostar-se nele”, acrescenta com uma gargalhada. Para o enólogo, o segredo para consumir vinho do Porto é fazê-lo “sem medos!”, pede.
Tendo então o vinho que podemos acompanhar com o que quisermos, basicamente ao longo de todos os dias em que decidirmos celebrar, o que fica para a hora das refeições? Veja abaixo as sugestões e, se se apressar, ainda as consegue receber em sua casa a tempo da consoada:
BRANCOS
Parcela Cândido, Luis Pato
“Um vinho feito da casta Cercial, um vinho da Bairrada e que acho que é super transversal para a ceia de Natal. É um branco com frescura, mas com alguma estrutura”. Vai ser um branco que vai funcionar muito bem na mesa, seja qual for o prato escolhido para a celebração, garante.
PVP: €19,90. À venda em www.garrafaeiranacional.com
Âmphora, Herdade Grande
“Vou ter que sugerir um meu”, atira com uma gargalhada. “É um branco para quem gosta de tintos. É um branco com taninos, com estrutura…é perfeito para riqueza da nossa gastronomia”, acrescenta, afirmando ainda que foi um dos vinhos que mais prazer lhe deu fazer nos últimos tempos. Admite que o vinho de talha está a tornar-se uma moda, mas tendo em conta que a Herdade Grande se situa na Vidigueira, e que a sua História também é feita de ânforas, achou por bem arriscar. E não se arrependeu
PVP: €25. À venda em www.herdadegrande.com
Tintos
Pardusco Private, Anselmo Mendes
“É um vinho tinto da região dos vinhos verdes, uma recuperação dos vinhos que se faziam antigamente naquela região”, e por um enólogo que Diogo tem por referência. Nesta zona “temos vinhos tintos mais ligeiros, muito elegantes, de cor aberta, com um potencial gastronómico extraordinário. Numa altura que estamos tão cheios de comida, os vinhos não podem sobrecarregar a parte gustativa”, continua. Portanto, considera, esta referência é ideal para uma noite como a da consoada.
PVP: €22. À venda em www.drinksco.pt
Quinta do Mouro, Miguel Louro
“Tem que ser um Quinta do Mouro, se estamos a falar do Alentejo. É um vinho que é sempre muito consistente. Um vinho ótimo, a pensar no 25 de dezembro, em que vamos comer os cabritos e os perus”, diz divertido. “É um vinho que é valor seguro e que nunca desilude!”, garante.
PVP: a partir de €29,50. À venda em www.garrafeira5estrelas.com/
Espumante
Terras do Demo, Cooperativa Agrícola do Távora
“Desde a Távora Varosa à Bairrada, fazemos espumantes incríveis em Portugal”, assegura o enólogo. Por isso, não ter o hábito de ter vinhos destes à mesa é perder uma grande parte do que do melhor se faz no país. Apesar de muitos guardarem o espumante para uma ocasião especial ou para ‘o corte do bolo’, a verdade é que este tipo de vinho funciona lindamente como aperitivo, sendo depois uma boa companhia para continuar para a mesa. A sugestão desta referência da Bairrada, um clássico bastante acessível, prende-se com o facto de ela ter “a complexidade suficiente e a estrutura perfeita para dar o mote das festividades”.
PVP: €7,90. À venda em www.garrafaeiranacional.com