A resposta à maior crise dos últimos 80 anos, permitiu à Europa tirar algumas lições sobre que soluções melhor funcionam. Mario Draghi elencou algumas delas, na apresentação da análise sobre o relatório anual do BCE de 2017, em Estrasburgo.
“O que aprendemos? Que o BCE tem um mandato claro de estabilidade de preços, independência e responsabilização”, explicou o presidente do BCE aos eurodeputados. “Um mandato bem definido é fundamental para a nossa credibilidade junto do público. A independência dos instrumentos é chave, porque permite ao banco central agir rapidamente face aos choques. Os bancos centrais são poderosos e independentes, mas não são eleitos. Isso só é possível se forem responsabilizados.”
O banqueiro assume que a crise da Zona Euro “chegou a ameaçar a sua existência” e que apenas saímos dela devido à resiliência dos europeus. “A nossa resposta política também ajudou. Temos uma união mais forte do que em 2008. Isso também se reflecte na popularidade do euro, que está no nível mais elevado de sempre.”
Embora a economia esteja a reagir positivamente, com crescimento e menos desemprego, Draghi reconhece que “os desenvolvimentos mais recentes têm sido mais fracos”. Por isso, “não há espaço para complacência”. “É necessário ainda um estímulo monetário significativo.”
Numa outra intervenção, feita minutos depois, o presidente do BCE – que abandona este ano o cargo – voltou a alertar que o banco está há alguns meses a receber “dados mais fracos do que esperávamos”. “O abrandamento pode demorar mais tempo do que o esperado”, acrescentou.
O que está a motivar este arrefecimento? Abrandamento da China e incerteza geopolítica, que coloca em causa “os pilares em que se baseia a ordem construída no pós-II Guerra Mundial”, Brexit, negociações comerciais com a China, assim como outras ameaças ao multilateralismo.
Portugal sente este abrandamento na sua economia. Depois de ter crescido 2,8% em 2017, as últimas previsões apontam para uma variação do PIB mais próxima de 2% este ano.