Portugal tem os pés mais firmes no exercício de equilibrismo exigido pelas regras europeias. Na avaliação que Bruxelas faz aos desequilíbrios macroeconómicos dos Estados membros, o país subiu um degrau: os desequilíbrios continuam a existir, mas deixaram de ser classificados como excessivos.
“Isto são boas notícias! O número de países sob este procedimento tem caído desde a crise e hoje premiamos os progressos na Bulgária, França, Portugal e Eslovénia com uma mudança positiva de categoria. Mais esforços são necessários em todos os países”, afirmou em comunicado Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros. “Onze países ainda têm desequilíbrios macroeconómicos, o que os torna vulneráveis caso haja choques. Hoje, a Comissão Europeia nota que estes desequilíbrios estão a ser corrigidos graças às reformas em curso e à retoma económica, o que está a tornar a Europa mais forte.”
Entre todos os Estados membros, a Comissão Europeia decidiu em Novembro do ano passado fazer uma avaliação a fundo dos desequilíbrios de 12 deles, entre os quais Portugal. Desses, apenas a Eslovénia deixou de ter desequilíbrios observáveis. Três deles – Croácia, Chipre e Itália – têm desequilíbrios excessivos. Era nesse grupo que Portugal estava anteriormente, tendo agora conseguido um “upgrade” para o grupo dos desequilibrados (não excessivos), onde também estão França, Alemanha, Irlanda, Holanda, Espanha, Suécia e Bulgária.
Isto não significa que os problemas da economia nacional tenham desaparecido. Não só continuam a existir desequilíbrios, no caso português e búlgaro, a Comissão Europeia disse serem necessários “esforços adicionais” para conseguir uma “correcção sustentável” dos mesmos.
Durante a conferência de imprensa desta manhã, Moscovici classificou os progressos nacionais como “impressionantes”. “Hoje temos boas notícias para Portugal, já que a Comissão Europeia reconhece o progresso impressionante feito pelo país no passado recente”, reconheceu, citado pela Lusa.
Entre os principais progressos está o mercado de trabalho, com o desemprego a regressar aos níveis pré-crise. A descida da dívida pública e o alívio do grau de alavancagem do setor privado são também desenvolvimentos positivos. Contudo, há montanhas longas para escalar, nomeadamente nos montantes de crédito malparado, que colocam em destaque as fragilidades do setor bancário. O mesmo se pode dizer sobre a dívida externa e a dívida pública. Mesmo no mercado de trabalho, onde tem havido boas notícias, a baixa produtividade gera alguma preocupação.