«É fundamental continuarmos alinhados com o Governo na procura da excelência e da competitividade da nossa economia». O repto lançado por Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal, durante a comemoração do segundo ano da Altice Labs foi dirigido ao Ministro Adjunto de Portugal, Pedro Siza Vieira, ali presente. Mas este foi perspicaz em tornear um possível compromisso político e fez questão em focar-se no centro de inovação tecnológica instalado em Aveiro, mais do que no grupo que o detém.
“A Altice Labs é portuguesa, feita por portugueses, maioritariamente gerida por portugueses e que é líder mundial de tecnologia. Serve um grupo internacional e serve também outros clientes para além daquele em que se insere”, começou por dizer um dos braços direitos do Primeiro Ministro António Costa, no encerramento da cerimónia. “Mas a história não começou há dois anos atrás, pois este centro de excelência de Aveiro, criado com recursos portugueses, sempre foi um dos maiores fornecedores de talento para as empresas”.
A ideia de que o caminho que levou ao sucesso deste Altice Labs (ex-PT Inovação) tinha começado muito antes do grupo francês liderado pelo franco-israelita Patrick Drahi e o luso-francês Armando Pereira terem comprado a PT, ficou clara. Muito embora Pedro Siza Vieira tenha admitido algo que antes já tinha sido sublinhado pelos responsáveis da Altice Portugal: o crescimento em receitas nos últimos dois anos, sobretudo nas exportações e o aumento da rentabilidade”. Para Siza Vieira, isto só prova que os nossos engenheiros “são capazes de competir globalmente e de reforçar as nossas exportações”.
Os temas polémicos que têm criado alguns atritos entre o grupo Altice e o governo de António Costa – como o restabelecimento das telecomunicações nas zonas afetadas pelos incêndios e a compra da Media Capital – foram evitados. Alexandre Fonseca fez uma verdadeira operação de charme – “Levamos tecnologia made in Portugal a mais de 250 milhões de pessoas” – e antecipou-se a algumas possíveis críticas, por exemplo, aquelas que apontam para uma criação de emprego à custa de call centers com baixos salários. “Ao inovarmos e investirmos na descentralização, estimulamos também as empresas e a economia. Criamos mais de dois mil postos de trabalho. Abrimos 13 call centers. E sim, são call centers. E sim, mesmo assim são salários e emprego sustentável”, reafirmou o CEO da Altice Portugal.
Avançando ainda um data center para a Covilhã, com “mais de mil servidores” e “onde pode ficar o telescópio do mundo”, Alexandre Fonseca orgulhou-se de terem instalado rede móvel no Parque Nacional da Peneda-Gerês e, por isso, o número de ignições ter diminuído. “Não esquecer que o objetivo da tecnologia é melhorar a vida das pessoas. E nós somos Altice Portugal.”
Foi também na importância da inovação tecnológica e na sua transferência para as empresas que se centrou o essencial da mensagem do ministro Adjunto. Satisfeito por, “pela primeira vez em muitas décadas” haver “um saldo positivo na nossa balança externa”, interroga-se sobre “como pode este momento excecional se converter na norma, e na criação de mais e melhor emprego”.
Para ele, um dos pilares será, com certeza, “acelerar o esforço de transferência do conhecimento das universidades para as empresas”. E, sublinhe-se, para as industrias tradicionalmente exportadoras. “O grande crescimento das exportações em Portugal está onde há incorporação tecnológica. E tal tem de se estender também aos setores tradicionais, como o calçado e vestuário”, concluiu Siza Vieira.