As ESG Talks têm o apoio do novobanco
Afinal, a diversidade é boa ou má para o negócio? A resposta mais correta é “depende”, segundo Milton de Sousa. O professor associado da Nova SBE, especializado em Liderança e Comportamento Organizacional, apresentou numa short-talk nas ESG Talks – uma iniciativa do novobanco em parceria com a VISÃO e a EXAME, com os knowledge Partners Nova SBE e PwC – muitos estudos sobre o tema que chegaram a conclusões bastante diferentes.
“Há inúmeros estudos sobre diversidade, mas não há como encontrar uma forma simples para a relação entre diversidade e desempenho”, referiu. Milton de Sousa afirmou que “a diversidade pode não ter, mas também pode ter, grande vantagem no que é o desempenho das equipas e das organizações”. A resposta é que “depende”. O professor refere que “na maior parte dos casos, a falta de diversidade vai afetar o desempenho, mas há um sweet spot e depois há um ponto em que a diversidade a mais pode tornar-se negativa”.
Milton de Sousa constata que a “diversidade dá uma trabalheira tremenda, já que existe uma maior probabilidade de conflito ao lidar com pessoas diferentes” e explica que “quando há muita diversidade, isso provoca conflitos e não se consegue ter uma equipa coesa. Neste contexto nas PME a diversidade tem impacto negativo. Corre mal porque há conflito permanente que leva a uma rutura”.
No entanto, ressalva o professor da Nova SBE, “se não houver alguma diversidade teremos um risco enorme de group thinking”, um efeito com características destrutivas e que levou, por exemplo, ao desastre do space shuttle Challenger. Alguns dos sintomas desta síndrome são a ilusão de invulnerabilidade, da unanimidade, a crença na moralidade implícita do grupo ou a auto-censura, por exemplo. “É importante que os líderes se saibam rodear de pessoas que tenham uma voz crítica”, considera.
No que diz respeito à diversidade e inclusão, Milton de Sousa realçou ainda que há quatro passos fundamentais para se cuidar de alguém: “Prestarmos atenção; assumir a responsabilidade; ter a competência e a capacidade de poder ajudar; e a responsividade (ser capaz de responder à necessidade real em função da realidade de cada um e da compreensão do outro)”.
E deu um exemplo de como, por muito boa vontade que se tenha, pode haver problemas em lidar com a diversidade. Recordou a história contada por um antigo aluno, que esteve destacado numa missão de paz no Afeganistão. Ao repararem que a população de uma aldeia percorria vários quilómetros para ir buscar água potável, o batalhão decidiu construir um poço na aldeia. Dias depois, repararam que o poço estava destruído. Pensando que isso tinha sido obra dos talibãs, reconstruíram-no. Pouco tempo depois foram dar novamente com o poço arrasado e só aí falaram com o chefe da aldeia, que lhes explicou que tinha sido a própria população a destruí-lo porque servia como chamariz aos talibãs.
Uma história que serviu para provar que apesar de o batalhão ter tido a atenção, ter assumido a responsabilidade e a competência para poder construir um poço, não teve a responsividade para compreender a necessidade do outro.
A questão, considera Milton de Sousa, é “que tipo de diversidade queremos ter” e que “não é quanto mais diversidade melhor”. Ou seja, não há uma regra mágica e que funcione para todas as empresas e todos os contextos. E deixou uma mensagem que ajuda a medir esta sensibilidade: é importante que uma organização se preocupe em refletir a sociedade na qual se insere, também na sua diversidade.