
O país não dispõe de meios financeiros, públicos nem privados, para explorar o potencial de uma plataforma continental que, se espera, venha a ser o dobro dos atuais 1,8 milhões de quilómetros quadrados. Por isso, António Nogueira Leite defende a criação de parcerias que, diz, “não devem ser motivadas por quem dá mais”.
O economista – que falava esta quarta-feira em mais uma edição das ESG Talks, desta vez dedicada à economia azul e aos oceanos enquanto recurso estratégico – reconhece a importância do alargamento do território marítimo, mas alerta que “é preciso ter os pés assentes na terra”. “Não temos os meios necessários, não tanto por falta de conhecimento, mas por falta de financiamento, nomeadamente do setor público”. Uma lacuna que nem o setor privado terá capacidade para suprir e que abre a porta à necessidade de parcerias estratégicas.
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“Há dois anos estive numa conferência, nos Açores, com o Jaime Gama, em que a preocupação era precisamente que parcerias é que poderemos fazer”. Defende que as mesmas devem ser entendidas numa perspetiva de Estado e do enquadramento do país entre os vários blocos geográficos – “Não temos de o fazer com os países da União Europeia” – assumindo-nos como “donos”, mas não como “monopolistas exploradores daqueles recursos que não vamos conseguir explorar de forma sustentável, nem não sustentável”.
Embora existam ainda muitas incertezas, nomeadamente quanto aos recursos e respetivas condições de exploração e transformação, António Nogueira Leite reconhece que que a nova plataforma continental – em apreciação na ONU – é “potencialmente, extremamente valiosa”, o que justifica que “Portugal já esteja a ser cortejado” por potenciais parceiros. Mas deixa o aviso à navegação: “É bom é que as façamos com inteligência para que se perceba que o recurso é nosso. (…) É importante que tenhamos controlo sobre a nossa plataforma continental”.
As ESG Talks são uma iniciativa do Novobanco, organizada pela VISÃO e pela Exame em parceria com a PwC e a Nova SBE.