É nesse sentido que gostaria hoje de partilhar consigo, caro leitor, uma reflexão sobre o muito que em tempos mais mornos se pode e deve fazer. Será assim mais fácil chegarmos a um final de ano de apogeu e, sobretudo, a uma circunstância em que não precisamos de datas especiais para podermos ver os frutos de um investimento que não responde em exclusivo a picos de motivação. Pego na minha experiência associativa, sobretudo a que está ligada ao tecido empresarial, para elaborar um pouco sobre toda uma miríade de iniciativas que as empresas podem levar a efeito no sentido de tratarem o tema da sua competitividade e sustentabilidade também com recurso a metodologias de inovação social.
Vistas bem as coisas, não é preciso gastar muito dinheiro para se configurar uma intervenção que gere frutos para cidadãos e organizações. Até porque, sabemo-lo bem, na fase do campeonato que vivemos neste momento no nosso país, nos cabe sermos contidos em matéria de despesismo. Como dar então a volta ao texto com recurso ao potencial humano encerrado numa estrutura profissional, designadamente a que está afeta às empresas?
Pois bem, parece estar à distância de um estalar de dedos, revela-o também toda uma série de estudos assentes em opiniões colhidas junto do tecido empresarial e que apontam para pessoas mais produtivas sempre que lhes é facultada a possibilidade de se envolverem na dinâmica social das suas comunidades. O GRACE é disso um bom paradigma. Em 14 anos de existência, temos já uma história para contar da relação causa-efeito que tal envolvimento é capaz de produzir. Por exemplo, o Voluntariado, não apenas o de força braçal, é cada vez mais o da partilha de massa cinzenta e de know-how, aplicável à transformação nas organizações do Terceiro Setor.
O que é que envelhecimento ativo e partilha de competências podem nesta perspetiva ter em comum? A preocupação de conferir dignidade a todos os cidadãos ao longo do seu ciclo de vida, o contributivo mas também o do conhecimento.
No Guia para a Promoção do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações no Contexto Empresarial, produzido com base nas práticas de algumas empresas no nosso país, colhem-se boas lições sobre como não desperdiçar tudo o que de bom um ser humano detém na sua idade mais madura e fazê-lo florescer, também na ótica do matiz que pode operar junto das camadas mais jovens que não precisam necessariamente de reinventar a roda ao integrarem o mercado de trabalho. É precisamente nesta faixa etária mais experiente que as empresas podem investir na hora de partilharem conhecimento e competências com organizações da Economia Social, que têm tudo a ganhar ao beberem da dinâmica empresarial como aposta na sua gestão auto-sustentável.
Pomos assim de parte o sistema assistencialista a que não raras vezes estão limitadas e, numa simbiose de empenho e capacidade de execução, dá-se corpo a parcerias que confirmam a velha máxima da união que faz a força. É mesmo desta força que o país precisa para podermos olhar para o futuro na esperança de envelhecermos acompanhando as gerações mais jovens, ou seja, as que vão assegurar o crescimento deste Portugal de que tanto gostamos.