De Bragança a Lisboa já não são “nove horas de distância”, como cantavam os Xutos. O Túnel do Marão e a melhoria das acessibilidades aproximaram o Nordeste Transmontano do resto do País e disso tem dado conta Óscar Geadas, o chefe que desde 2019 conquistou a Estrela Michelin mais a norte de Portugal. Ao seu restaurante G Pousada, que partilha com o irmão, o escanção António, na Pousada de Bragança com vista para o castelo, chegam cada vez mais comensais que visitam a cidade transmontana pela primeira vez à boleia do turismo gastronómico.
“Esta região é um laboratório de cozinha que me permite ter, na mesma altura do ano, produtos diferenciados: legumes, tubérculos, castanha, raças autóctones, frutos secos… Uma imensidão que não se esgota”, aponta. Este património é depois servido à mesa, quase diretamente do produtor. Como os enchidos, as carnes ou os cuscos de Vinhais – uma massa feita a partir de trigo barbela, que a família Geadas produz artesanalmente “só no verão para ficar desidratada”. E o que dizer do rocher de alheira (massa de alheira fumada recheada de ganache de castanha) ou da bola de Berlim com queijo terrincho, dois dos snacks que se mantêm na carta desde que o restaurante abriu há dez anos e são um baluarte transmontano?