Damien é um engenheiro informático millennial que teve um percurso académico excelente, sempre com boas notas, mesmo a Francês, a sua língua materna. No entanto, admite que nunca abriu um livro, nem sequer os clássicos obrigatórios – confiou em resumos, disponibilizados pelas editoras, e acredita não ter saído prejudicado pela sua falta de investimento na leitura.
Os pais de Michel queriam ser professores, um sonho que não conseguiram realizar. Envolvido em duas guerras sucessivas, o pai, francês, ficou-se pelo Ensino Secundário. Recrutada à força como camareira num hotel de luxo frequentado por altos dignitários nazis, a mãe, alemã, sobreviveu envergonhada à II Guerra Mundial. Anos mais tarde, quando Michel perguntou ao pai porque tinham decidido comprar, no pós-guerra, uma pequena livraria e papelaria em Lyon, ouviu: “Porque ou era um bar para afogar tudo em álcool, ou uma livraria para ter um pouco de esperança na natureza humana. E uma livraria é melhor do que um bar para educar uma criança.”