“Gostava de poder comprar uma casa com o meu namorado, mas em Lisboa, e com o que ganhamos em início de carreira, isso é quase impossível. Como não preciso de dinheiro, porque ainda estou a viver em casa dos meus pais, aproveito para investir para um dia conseguir dar entrada para uma casa”, conta Maria Santos, de 25 anos, à VISÃO. É uma história comum a uma geração inteira. Os jovens viram ser-lhes barrada a única fonte relevante de riqueza para os portugueses de classe média nas últimas décadas: comprar casa. Tal como na generalidade dos países europeus, o imobiliário representa a principal fatia de património das famílias em Portugal. Cerca de dois terços da riqueza por agregado estão agarrados ao cimento das casas de que são proprietários. E o desaparecimento dessa alavanca económica e social pode ter consequências dramáticas.
Em janeiro deste ano, o Banco Central Europeu (BCE) lançou uma nova base de dados, a que chama “estatísticas experimentais”, por misturarem dados observáveis com estimativas. Elas permitem analisar a riqueza das famílias, de onde é que ela vem, como evoluiu e como comparam os países entre si. Em Portugal, cada família tem uma riqueza média de 271 mil euros. Talvez lhe pareça muito, mas esse número é, em grande parte, feito de betão armado.