“Hoje, fui condenada a um ano de prisão.” Como não tem antecedentes criminais, Mariana Rodrigues, 27 anos, viu a juíza dar-lhe a oportunidade de pagar uma multa de 1 050 euros, em vez de ir presa pela obstrução de uma via pública – a Avenida de Roma, em Lisboa. Mariana é administrativa, recebe o salário mínimo (760 euros ilíquidos), e, apesar de ter a hipótese de pagar a coima em prestações, ainda não é claro, para si, onde irá arranjar o dinheiro para a saldar.
É um dos elementos do Climáximo, o coletivo com cinco anos que quer o fim da queima dos combustíveis fósseis e que integra o movimento pela justiça climática (do qual também faz parte a Greve Climática Estudantil). No último mês, intensificaram os seus alertas: destruíram uma montra da Gucci, colocaram cimento nos buracos de um campo de golfe privado, colaram-se a um avião da TAP, travaram a circulação de carros em algumas das principais estradas de Lisboa, atiraram tinta a um quadro de Picasso, avaliado em 18 milhões de euros (ver mapa). Mais de três dezenas de ativistas foram detidos, e agora começam a chegar a casa as cartas de intimação. Na primeira semana de julgamentos sumários, seis jovens foram condenados a pagar multas entre os 600 e os 1 050 euros.