Foi durante a reunião plenária da Assembleia Municipal de Lisboa desta terça-feira, dia 21 de junho, que Laurinda Alves, vereadora independente da Câmara e dos Direitos Humanos e Sociais, referiu que se pensou oferecer bilhetes do Rock in Rio a pessoas em situação de sem-abrigo, mas que havia o problema de potenciar o risco de consumos.
As palavras de Laurinda Alves foram condenadas na internet e pelos outros partidos. “Quero acreditar que a vereadora não pensou naquilo que disse”, afirmou Inês Drummond, vereadora do PS na Câmara Municipal de Lisboa, em declarações à TSF. “Contribuir para os estereótipos não é, seguramente, a missão de uma vereadora dos Direitos Humanos e Sociais”, acrescentou ainda.
A socialista referiu ainda que não se pode achar que, numa “população fragilizada como os sem-abrigo são todos alcoólicos e toxicodependentes”. “São declarações profundamente infelizes”, reforçou.
A declaração de Laurinda Alves surgiu em resposta a Bruno Mascarenhas, deputado municipal do Chega. Na reunião, o representante começou por notar a diferença que considera existir entre “refugiados da Ucrânia” e “migrantes económicos” que estavam na Ucrânia aquando do início do conflito (que, entretanto, vieram para Portugal).
“Gostava de saber se a CML de facto tem um custo com estas pessoas e se o tem quanto é?”, questionou Mascarenhas referindo-se aos refugiados que considera “migrantes económicos”. “Porque foi feita uma gentileza relativamente aos tais 60 jovens que ainda não encontraram colocação e que receberam bilhetes para o Rock in Rio?”, acrescentou, referindo-se ao grupo de jovens que permanecem no centro de acolhimento de emergência em Lisboa a aguardar alojamento.
Laurinda Alves explicou que a organização do Rock in Rio fez um convite a propósito do Dia Mundial do Refugiado, que se celebra a 20 de junho, e que foi um convite direto e não uma distribuição de bilhetes para serem dados “na área social”, porque nesse caso havia “muitas pessoas a quem dar e que gostariam de ir”. Foi no decorrer da resposta que a vereadora afirmou, também, que podia haver um aumento do risco de consumo. “Pensámos e pedimos [bilhetes] para as pessoas em situação de sem-abrigo, mas também ficava complicado, nomeadamente, porque há situações de consumos e que poderíamos estar a potenciar”
A expressão utilizada por Laurinda Alves, garante a mesma ao ao Polígrafo, foi mal interpretada, acrescentando que “antes deste equívoco já foram distribuídos 350 bilhetes para pessoas em situação de sem-abrigo irem a este festival”. “Estes bilhetes foram diretamente para as entidades que os acompanham no dia-a-dia e que os vão acompanhar igualmente ao festival. São técnicos especializados que conhecem estas pessoas e têm com elas laços de confiança”, esclareceu ainda.