Carlos Santos, 54 anos, Élio Quinteiro, 37, Luís Nobre, 42, e Vítor Cruz, 55, talvez pudessem, num passado não muito distante, ter figurado como heróis de outras histórias. Em comum, estes quatro homens escolheram dedicar os melhores anos da juventude às carreiras na PSP e na GNR – com o mais puro espírito de missão –, mas, cada um no seu momento, decidiram também renunciar a tantos outros anos que ainda lhes restavam viver. Carlos, Élio, Luís e Vítor não vão poder ler as páginas que se seguem, pois, em apenas três meses, tornaram-se protagonistas da lúgubre e dolorosa estatística que comprova a regra dos sucessivos casos de suicídio no seio das forças de segurança em Portugal – fenómeno para o qual tutela e polícias parecem não conseguir encontrar diagnóstico e cura.
A realidade choca nos números. Nas últimas duas décadas, 160 polícias portugueses – 80 na PSP e 80 na GNR – terminaram com a própria vida. Desde 2000 que a média se situa em sete mortes por ano. Comparativamente, a taxa de incidência de suicídios nas forças de segurança varia entre o dobro e o triplo face à população geral. As estatísticas indicam ainda que a situação em Portugal tem sido, neste período, pior do que em países com elevados índices de criminalidade violenta, como Estados Unidos da América ou Brasil.