Um grupo de investigadores da Universidade de Queensland, na Austrália, desenvolveu um estudo que incluiu 11 564 australianos e analisou a relação entre inteligência e atitudes em relação a casais homossexuais. Publicada na revista Intelligence, em 2018, a investigação baseou-se ainda em estudos anteriores que concluíam haver uma relação entre QI baixo e opiniões homofóbicas e racistas.
“Apesar da importância e da contemporaneidade do assunto, poucos estudos abordaram especificamente as ligações entre a capacidade cognitiva e as atitudes em relação às questões LGBT”, comentou, na altura, o autor do estudo, Francisco Perales.
Os investigadores beneficiaram de dados recolhidos através do projeto HILDA (sigla inglesa para Household, Income and Labour Dynamics in Australia), que regista dados, desde 2001, sobre 17 mil australianos acerca das suas relações domésticas e familiares, ordenado e emprego, saúde e educação. Os dados relativos ao ano de 2012 permitiram analisar as capacidades cognitivas das pessoas e os dados de 2015 deram respostas sobre as suas atitudes em relação à igualdade de direitos.
Os australianos que participaram especificamente no estudo de Perales foram avaliados com três tipos de teste: o teste nacional de leitura para adultos, o teste de modalidades de dígitos de símbolo e o Backwards Digit Span. Para além disso foi-lhes pedido que classificassem numa escala de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente) se “os casais homossexuais devem ter os mesmos direitos que os casais heterossexuais”.
As conclusões revelaram que quem obteve notas mais baixas nos testes tinha maior probabilidade de discordar da afirmação.
“Este artigo acrescenta ao conhecimento já existente, pois fornece as primeiras análises das associações entre a capacidade cognitiva e as atitudes em relação às questões LGBT. Indivíduos com baixa capacidade cognitiva são menos propensos a apoiar direitos iguais para casais do mesmo sexo”, disseram os autores no estudo.
“Os resultados deste relatório sugerem que as estratégias destinadas a aumentar a frequência no ensino superior e a melhorar os níveis de capacidade cognitiva da população podem funcionar como alavancas importantes na neutralização do preconceito em relação a casais do mesmo sexo e pessoas LGBT”, concluem.
Num outro estudo, realizado no Reino Unido em 2012, as conclusões foram semelhantes depois de serem analisados mais de 15 mil dados. A investigação, publicada na revista Sage, concluiu que crianças com inteligência abaixo da média podem desenvolver comportamentos racistas em idade adulta.
“Os resultados sugerem que as capacidades cognitivas desempenham um papel crítico, embora subestimado, no preconceito”, disse um dos autores.
Uma teoria apresentada num estudo norte americano de 2016 defende que pessoas com QI elevado podem ser tão preconceituosas quanto quem tem um QI inferior, a diferença é que os primeiros têm capacidades para esconder este tipo de preconceitos.