Publicadas num trio de artigos no The Astrophysical Journal e no The Astrophysical Journal Letters, as conclusões do grupo de especialistas liderados por Ben Shappee, da Universidade do Havai, baralham o que os astrónomos sabiam sobre as supernovas, o evento astronómico que marca a “morte” de algumas estrelas. No caso desta supernova recém-descoberta, a luz das primeiras horas da violenta explosão mostrou um padrão inesperado, levando a equipa a concluir que a génese do fenómeno é ainda mais misteriosa do que se julgava.
As supernovas do Tipo IA são consideradas as mais brilhantes de todas, com capacidade para ejetar material a 10 mil quilómetros por segundo e iluminar toda a galáxia a que pertencem. Tidas como fundamentais para compreender o universo, uma vez que a sua fornalha nuclear tem um papel crucial na formação de muitos dos elementos existentes, são usadas como “réguas” cósmicas para avaliar distâncias. No entanto, apesar da sua importância, o mecanismo que desencadeia a explosão de uma supernova de Tipo IA continua a intrigar os astrónomos.
Apanhar este momento “em flagrante” é, por isso, tido como essencial e foi isso que aconteceu, finalmente, em fevereiro deste ano, com a descoberta da supernova ASASSN-18bt ou SN 2018oh, como também é conhecida, graças a uma rede internacional de telescópios com sede na Universidade do Ohio, EUA e ao Kepler, da NASA. Os dados obtidos intrigaram os astrónomos, já que o aspeto da supernova durante os primeiros dias não era o esperado.
“Muitas supernovas mostram um aumento gradual da luz. Mas neste evento, via-se claramente que havia algo invulgar e excitante a acontecer no início, uma emissão adicional inesperada”, conforme explica Maria Drout, do Instituto Carnegie, em Washington. As supernovas deste tipo têm origem na explosão termonuclear de uma anã branca – o objeto que resulta da exaustão do combustível nuclear de uma estrela como o Sol. Uma das possibilidades em cima da mesa foi a de que a luz inesperada, neste caso, resultasse de uma colisão da anã branca com a chamada “estrela companheira”, mas a investigação demonstrou que a origem deve ser outra e, para já, inexplicável.
“A ASASSN-18bt é a supernova mais brilhante e mais próxima alguma vez observada pelo Kepler, portanto representou uma oportunidade excelente para testas as teorias predominantes sobre a formação das supernovas”, congratula-se Shappee. Já Anthony Piro, também do Carnegie, resume: “A Natureza está sempre a encontrar novas formas de nos surpreender.”