Em maio, a VISÃO publicou um artigo sobre uns sabonetes sírios que iriam ajudar na integração de mulheres refugiadas. Uns dias mais tarde, pediram-nos o contacto da associação Amal Soap – Hope for a New Home que, na altura, tentava angariar dinheiro num crowdfunding para assegurar a manufatura dos sabonetes. Demos, convictos de que seria por uma boa causa. E foi.
António Barros, diretor criativo do Projeto de Imagem, Media e Comunicação da Universidade de Coimbra, entrou em contacto com Benedita Contreras, a estudante de mestrado da Universidade Nova de Lisboa que está por trás da ideia dos sabonetes Amal, e lançou-lhe um desafio: as mulheres sírias deveriam fazer 800 sabonetes para entregar aos atletas que participariam nos Campeonatos Europeus Universitários, em Coimbra. “Temos consciência educativa e os refugiados são um problema que nos preocupa”, explica assim a opção por este presente.
Benedita adorou a ideia, claro, mas teve de dizer que não conseguiriam assegurar tamanha produção, pelo menos para já. E então lembrou-se de propor que, em vez dos sabonetes, Maysa e Ali e os seus três filhos, todos refugiados sírios a viver na Parede, se dedicassem a fazer biscoitos típicos, à base de tâmaras e sésamo, para dar aos desportistas. Ideia aceite.
Os campeonatos acabaram na semana passada e trouxeram a Coimbra 800 praticantes de três modalidades (judo, karaté e taekwondo), que apreciaram bastante a oferta original, em vez das tradicionais flores.
Entretanto, e como a experiência preambular correu bem, já ficou assegurado que para o ano, quando chegarem a Coimbra os cinco mil atletas de 13 modalidades, oriundos de 350 universidade de 40 países, receberão sabonetes Amal, feitos à mão por mulheres sírias, usando azeite e louro para lhes dar aroma e propriedades hidratantes.
Portugal com poucos refugiados
No início desta semana, a Comissão Europeia lançou um aviso a Portugal para tomar medidas urgentes até setembro para acolher mais refugiados. É que, em dois anos, apenas chegaram cá metade das pessoas que era suposto, tendo em conta o compromisso de quotas, assumido em Bruxelas. Portugal deveria ter recebido 2.951 refugiados sírios, mas até agora só chegaram 1.476 pessoas. Desses, a maioria (75%) chegou da Grécia, 299 de Itália e 76 do Egito, da Turquia e de Marrocos.