O início dos anos 90 foram tempos mais simples: os jogos mais populares consistiam num canalizador e num ouriço-cacheiro a saltar e a correr da esquerda para a direita. Os gráficos já eram coloridos, a contrastar com as limitações cromáticas da máquina de jogos que definira a década anterior, o ZX Spectrum, mas continuávamos a ver os quadradinhos dos píxeis a dar um efeito escadinha nas formas redondas. E os programadores não perdiam grande tempo com a história das personagens (qualquer coisa vaga sobre salvar uma princesa?…). Não havia argumentos hollywoodescos, nem realismo, nem gráficos de encher o olho, nem orçamentos ao nível de produções cinematográficas. Muitas vezes, nem havia forma de gravar os jogos: quando perdíamos, voltávamos ao início. Hoje soa frustrante, ontem era a vida.
Dito isto, não conseguimos deixar de ter saudades dessa altura. O retro gaming está mais vivo que nunca, e o mercado está atento, sucedendo-se relançamentos de consolas antigas. A última é a Super Nintendo Entertainment System, mais conhecida por SNES. A empresa japonesa anunciou ontem a nova versão da máquina lançada em 1990, que vendeu 50 milhões de exemplares – deverá começar a chegar às lojas a 29 de setembro e custar cerca de 80 euros. A Nintendo Classic Mini SNES é, como o nome deixa antever, uma versão miniaturizada da original, com dois comandos incluídos e saída HDMI. Tem 21 jogos pré-instalados, incluindo Super Mario World, Final Fantasy III, Super Punch Out, Legend of Zelda e ainda um original, Star Fox 2, que viu o seu lançamento ser cancelado em 1995, quando a empresa começou a apostar tudo na consola seguinte, a N64.
A Mini SNES segue as pisadas da Mini NES, a versão moderna da popular 8-bit dos anos 80 e que se revelou um sucesso tal que esgotou em poucos meses. Mas antes da Nintendo já outras empresas aproveitavam esta onda de nostalgia, com velhas máquinas a disputarem o mercado retro. Como estas:
ZX Spectrum Vega
Apoiado pelo próprio Sir Clive Sinclair, o inventor do original, e lançado através de uma campanha de crowdfunding, o ZX Spectrum Vega consiste num comando, com várias centenas de jogos incluídos, que se liga à televisão através de um simples cabo de vídeo composto. A maior vantagem face à concorrência é o seu slot para cartões SD: é possível descarregar jogos da internet e jogá-los na consola. Custa cerca de 80 euros.
Recreated ZX Spectrum
Uma cópia, na aparência, idêntica ao ZX Spectrum dos anos 80 (incluindo as teclas de borracha), liga-se por bluetooth a tablets ou telemóveis Android ou Apple. Os jogos, esses, têm de ser adquiridos na Google Play ou na App Store, que têm disponíveis largas dezenas de recriações perfeitas. Custa 75 euros.
Blaze Gear Sega Master System
Uma consola portátil, com um pequeno ecrã LCD, que inclui 30 jogos da Master System e da Game Gear, as duas consoals de 8-bit da Sega. Também pode ser ligada à televisão. O ponto mais fraco? Trabalha a pilhas… O mais forte? Compra-se por apenas 35 euros.
Sega Mega Drive Classic
Além de ter 80 jogos na memória (Golden Axe, Sonic…), está preparada para correr os cartuchos originais – se é que o pó e a humidade não fizeram das suas. Custa 80 euros.
Atari Flashback
Um regresso às origens dos videojogos: esta consola, que se liga à televisão e custa perto de 70 euros, tem incluídos dezenas de jogos da mítica Atari 2600, lançada em 1977, além de outros da Atari 7800, de 1986. Centipede, Pong, Space Invaders… Mais clássico do que isto não há, e os joysticks semelhantes aos antigos ajudam a transportar o jogador a esses tempos.