Têm corrido rios de tinta desde que o FBI entrou dentro do site The Playpen – uma espécie de Facebook para pedófilos – e começou a identificar os seus membros. A última contagem dos detidos a nível mundial, mas sobretudo localizados entre a Europa e os EUA, chega perto dos mil, sendo que 280 são britânicos, noticia o jornal The Times.
Entre os detidos está o americano Steven Chase, de 58 anos. O criador e administrador do site foi condenado, a semana passada, a 30 anos de prisão, por ser culpado de exploração infantil.
No Reino Unido, continua o The Times, as autoridades conseguiram salvar 140 crianças.
O Playpen oferecia aos seus 150 mil membros uma forma segura de acederem a pornografia infantil, uma vez que operava na ‘darknet’. Não confundir com ‘deepweb’. Mas afinal o que é isto?
A Internet que usamos, os motores de busca em que pesquisamos, são a chamada ‘superfície’ e, acreditam os especialistas, apenas a ponta do icebergue da internet. Por baixo, há todo um mundo que o Google ou o Bing simplesmente não conseguem aceder nem disponibilizar ao público porque são privados – estamos a falar da ‘deepweb’, que são bases de dados de todo o tipo, páginas e documentos privados, artigos académicos, etc, só acessíveis a alguns.
E depois temos o lugar mais escondido da Internet – e o mais sujo também. Na ‘darknet’ está o crime (pode-se, por exemplo, encomendar assassinatos), o tráfico de drogas, os dados roubados dos cartões de crédito, todo o tipo de pornografia, incluindo a infantil.
Nem tudo é mau na ‘darknet’. Como a sua grande mais-valia é o anonimato, permitido através de um software que impede a deteção do IP, ela também é usada por jornalistas e dissidentes políticos em países anti-democráticos.
Como é que se chega lá? Fazendo o download do Tor. Mas um aviso aos curiosos: os esfaimados “tubarões” da ‘darknet’ adoram “peixinhos” acabados de chegar. E descarregar o Tor num computador onde tem o seu email, as suas fotografias, onde acede ao seu netbanco… enfim, é por sua conta e risco.
Acontece que o FBI consegui entrar no Playpen, em fevereiro de 2015, e espalhar um vírus que revelou os endereços IP de muitos dos seus membros. Embora o método seja controverso (aliás, alguns dos suspeitos de pedofilia foi ilibados em tribunal justamente porque se provou o método do FBI para os apanhar) ele continua a dar frutos e ainda há suspeitos a serem detidos um pouco por todo o lado.
Mas há outra polémica. Para levar a cabo a sua operação, o FBI administrou o site durante 13 dias de forma encoberta. Nesse período, foram lá colocados 200 vídeos, 9 mil imagens e 13 mil links de abusos infantis, o que coloca a agência americana no “negócio” da pedofilia. Será legítimo?