Queremos jovens ativos e saudáveis mas depois não lhes exigimos um bom desempenho a Educação Física na escola, como se isso afinal não importasse nada. Ora este cenário pode mudar – e mais depressa do que se julga.
Foi no encontro “Mais exercício, maior sucesso escolar, melhor futuro”, que decorreu na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa – e cujo objetivo era demonstrar como o exercício físico pode melhorar as funções executivas/cognitivas que estão na base do sucesso escolar dos alunos -, que a medida foi conhecida. Segundo fez saber o secretário de Estado da Educação, João Costa, espera-se que para breve a Educação Física possa voltar a ser contabilizada para a média de acesso ao Ensino Superior e para conclusão do Ensino Secundário.
No entretanto, deverá formar-se grupo de trabalho para avaliar o currículo do Ensino Básico e Ensino Secundário, que vai dedicar uma especial atenção ao 1º ciclo. Segundo fonte do Ministério da Educação, dificilmente a medida entrará em vigor já para o ano que vem – e estará também acordado que não irá incluir alunos que estejam a meio do ciclo.
Trata-se de uma decisão que foi recebida com o maior entusiasmo entre a comunidade científica e entre os docentes. “Fico muito feliz”, assume de imediato Carlos Neto, professor e investigador da Faculdade de Motricidade Humana. “É uma área da maior importância no sistema educativo. Vivendo nós num século de sedentarismo, temos de assumir que se trata de uma disciplina essencial para a vida e a saúde pública. A sua ausência e diminuição de importância foi para mim uma facada no coração.”
“É a reposição de uma injustiça”, concorda Avelino Azevedo, da Confederação Nacional de Associações de Professores de Educação Física. “O governo anterior fez isto sem qualquer explicação e sem ouvir os professores. Estamos a falar de uma área básica da formação geral. Não faz qualquer sentido que valha menos do que as outras.”
Alexandre Henriques, professor de Educação Física e autor do blogue Com Regras, vai mais longe – apontando o dedo à governação anterior, que decretou a inédita medida: “Nuno Crato foi o autor de um verdadeiro atentado à disciplina de Educação Física e Expressões em geral. Tratou-se de pura discriminação, preconeito, sem nenhum estudo que fundamentae a sua decisão de eliminar a Educação Física da média de acesso ao ensino superior. Fico assim muito satisfeito com a eliminação de mais uma medida de um mero aventureiro educativo.”