Foi no seu relatório anual que a Organização das Nações Unidas divulgou que existem 65.3 milhões de refugiados no planeta. Um aumento de quase 6 milhões face aos registos de 2014. Metade desses refugiados ainda não atingiram a idade adulta e viajam sozinhos.
Só nos últimos cinco anos, o número de refugiados, requerentes de asilo ou deslocados internos aumentou 50%, sobretudo devido à Guerra Civil Síria, que teve início em 2011.
É a primeira vez que o número de refugiados ultrapassa os 60 milhões. Dos 65 milhões (mais do que a população do Reino Unido), dois terços são pessoas deslocadas dentro dos seus países, o outro terço são refugiados e 50% são crianças. Fazendo as contas, equivale a 1% de toda a população mundial, uma pessoa em cada 113.
É a maior crise humanitária a atingir o continente europeu desde a II Guerra Mundial, mas a Europa dá asilo a apenas 14% desses refugiados. A Turquia é o país que acolhe o maior número de refugiados (2.7 milhões sírios), seguida pelo Líbano e pelo Paquistão . Contudo, a Alemanha é o país mais desejado das pessoas que são obrigadas a abandonar o seu país devido conflitos. Só em 2015 recebeu quase 442 mil pedidos de asilo, a maioria de sírios, um número que deverá continuar a aumentar. Os Estados Unidos receberam 172,700 pedidos de ajuda, principalmente de pessoas que tentam fugir dos problemas de violência e de droga do México e da América Central.
Filippo Grandi, o alto-comissário da ONU para os Refugiados, alertou para os problemas de xenofobia que os refugiados vivem.
“A responsabilidade dos homens políticos devia ser explicar que a imigração, em certos aspetos, contribui para o desenvolvimento das sociedades e que os refugiados (…) precisam de proteção, pois eles não representam um perigo, mas fogem de sítios perigosos”, diz Grandi. “Aqueles que fazem o contrário e se juntam à opinião pública contra os refugiados e os migrantes criam um clima de xenofobia que é muito preocupante atualmente na Europa”, continua.
De acordo com o alto-comissário, 24 pessoas fugiram de casa a cada minuto em 2015. A maioria são sírias (4.9 milhões), afegãs (2.7 milhões) e somalis (1.1 milhões).
A União Europeia estabeleceu, no ano passado, um programa para repartir pelos seus estados-membros os 160,000 requerentes de asilo que chegam às fronteiras da Grécia e da Itália, no entanto, apenas 2406 pessoas foram distribuídas.
Portugal já recebeu 370 refugiados e espera receber mais 200 até ao final deste mês, segundo dados da Plataforma de Apoio aos Refugiados.