Um voluntário, apenas identificado como Martin, da organização humanitária alemã Sea-Watch encontrou um bebé no mar na passada sexta-feira, após um barco de pesca ter capotado entre a Líbia e a Itália, provocando mais de 50 mortes. A ONG captou o momento e divulgou a fotografia ontem para tentar persuadir as autoridades europeias a tomar mais atitudes naquela que é considerada a maior crise humanitária da Europa depois da II Guerra Mundial. “Se não queremos ver imagens destas, temos que parar de as produzir”, disse a Sea-Watch em comunicado.
O bebé, que não aparenta ter mais de um ano, estava na água “como um boneco com os braços estendidos”, disse o voluntário alemão, terapeuta musical e pai de três filhos, em entrevista à Reuters. “Agarrei o antebraço do bebé e coloquei o corpo leve nos meus braços, como se ele ainda estivesse vivo”, continua.
“Queria gritar, mas em vez disso decidi cantar para me acalmar a mim e ao bebé que nunca devia ter morrido – e para dar algum tipo de expressão a este incompreensível, desolador momento”.
Pouco se sabe acerca do bebé que, segundo a ONG alemã, foi imediatamente entregue à Marinha Italiana. A equipa que resgatou a criança não confirmou se se tratava de uma menina ou de um menino, e não se sabe se o pai ou a mãe estão entre os sobreviventes deste acidente.
Tal como a fotografia de Aylan Kurdi, o menino sírio de 3 anos que foi encontrado morto na costa turca no ano passado, a imagem deste bebé sem nome coloca uma cara humana às mais de 8000 pessoas que perderam a vida no Mar Mediterrâneo desde 2014.
Só na semana passada morreram mais de 700 migrantes na travessia entre a Líbia e Itália. A pior semana de sempre, segundo o que a Agência da ONU para Refugiados anunciou no passado domingo.