Os mais de um milhão de refugiados que chegaram à Europa no ano passado poderão vir a retribuir quase o dobro do que foi gasto com eles, dentro de cinco anos, de acordo com uma das primeiras investigações sobre o impacto dos requerentes de asilo nas comunidades de acolhimento, feita pela organização não-governamental The Tent Foundation, que tem como missão ajudar pessoas deslocadas. Os refugiados vão criar mais emprego, levar ao aumento da procura de bens e serviços e preencher lacunas no mercado de trabalho, enquanto os seus salários ajudarão a financiar os sistemas de pensões e as finanças públicas dos Estados-membros, disse Philippe Legrain, antigo conselheiro económico do ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.
Ao mesmo tempo, a integração destas pessoas não irá levar à queda dos salários ou ao aumento do desemprego entre os naturais dos países da Europa que os acolheu, acrescentou Legrain, citando antigos estudos feitos por economistas laborais. O professor da London School of Economics calcula que apesar da absorção de tantos refugiados vir a aumentar a dívida pública para €69 mil milhões de euros, entre 2015 e 2020, durante esse mesmo período os refugiados irão ajudar o PIB a crescer em 126,6 mil milhões de euros.
“Investir um euro no acolhimento de refugiados pode garantir quase dois euros em benefícios económicos ao longo dos próximos cinco anos”, conclui o relatório “Refugees Work: A Humanitarian Investment That Yields Economic Dividends”, divulgado esta quarta-feira. Legrain espera que este relatório ajude a terminar com o mito de que os refugiados vão causar mais problemas económicos à sociedade ocidental.
Em entrevista ao jornal The Guardian, Legrain diz que “o grande equívoco é o de que os refugiados são um fardo – e esse é um equívoco que é partilhado até por pessoas que são favoráveis a deixá-los entrar, que pensam que [a sua integração] vai ser dispendiosa mas que é a coisa certa a fazer. Isso é incorreto. Apesar de a motivação primeira óbvia para deixar os refugiados entrar ser o facto de estarem a fugir à morte, assim que chegam podem contribuir para a economia. Quando eles gastam os seus salários, impulsionam a procura de bens e serviços e criam postos de trabalho nas linhas complementares do mundo laboral. Por exemplo, quando os refugiados vão trabalhar para a construção civil, estão a criar postos para locais que supervisionam as obras ou que vendem materiais de construção.”