Parentalidades tardias e Infecundidade: mais vale tarde do que nunca?
Segundo o Inquérito à Fecundidade de 2013, cerca de 8% dos homens e das mulheres em Portugal não têm nem pensam vir a ter filhos, valor que pode ser considerado relativamente baixo no quadro europeu, mesmo em países com níveis de fecundidade mais elevados que Portugal, como é o caso da Finlândia.
Embora a intenção de ter pelo menos um filho até ao final do ciclo reprodutivo seja partilhada pela esmagadora maioria da população, a realização dessa vontade de parentalidade acontece cada vez mais tarde na vida das pessoas, comportamento que é potenciado por vários factores como o prolongamento dos estudos ou o momento da entrada no mercado de trabalho.
É-se mãe cada vez mais tarde- maternidade mais tardia, ou mesmo adiada – o que aproxima o momento em que as mães têm o primeiro filho do seu limite biológico de fertilidade, diminuindo, deste modo, a probabilidade de terem muitos filhos.
Filho único: menos é mais?
Segundo o Inquérito à Fecundidade de 2013, embora mais de metade das pessoas (51%) espere finalizar o seu período reprodutivo com dois filhos, a maioria não tem filhos ou tem apenas um filho.
A decisão de se transitar para o segundo filho é influenciada por inúmeros factores. Entre estes a possibilidade de uma maior presença do pai junto dos filhos pequenos e a partilha com a mãe das responsabilidades domésticas e familiares. Mas não são só razões associadas à relação entre os adultos (pai e mãe) ou as condições de partilha das responsabilidades parentais que justificam a não transição para o segundo filho. A centralidade dos interesses da criança é um dos outros factores a considerar, pois quem concorda que é preferível ter apenas um filho com mais oportunidades e menos restrições do que ter mais filhos tem muito mais probabilidades de não ser pai ou mãe pela segunda vez.
Homens e mulheres no momento da decisão: quem manda ter filhos?
Segundo o Inquérito à Fecundidade de 2013, a discordância entre sexos não é particularmente acentuada em assuntos de parentalidade, a começar pelo número de filhos que tencionam (1,8 filhos) ou que desejam ter (2,3).
Para a decisão de se ter filhos, mais de 65% dos homens ou mulheres consideram, aliás, importante a vontade do companheira/o ou cônjuge, especialmente para quem já tem pelo menos um filho.
Contudo, na situação de não ter (mais) filhos a importância da vontade do companheira/o ou cônjuge perde força, em especial no caso das mulheres. Com efeito, os homens atribuem muito mais importância que as mulheres à vontade da/o companheira/o ou cônjuge para não terem (mais) filhos. Assim, 25% dos homens sem filhos e 39% dos homens com filhos consideram importante para a sua decisão de não (mais) filhos o facto de a sua companheira ou cônjuge não o querer. Quanto às mulheres, a opinião do companheiro ou cônjuge de não querer ter filhos é considerada como importante apenas para 14% das mulheres que ainda não têm filhos e para 24% das mulheres que já foram mães.
Para saber mais no site da FFMS: