Feito à escala mundial – foram ouvidas 27 mil pessoas em 27 países -, o inquérito faz ainda mais revelações: por exemplo, um em cada dez estaria disponível para aceitar um refugiado em sua casa, número que aumenta para os 29 por cento no caso do Reino Unido e para os 46 por cento na China.
A Alemanha, que já aceitou 1,1 milhões de requerentes de asilo, segue a mostrar-se de portas abertas: 96 % aceita refugiados no seu país, apenas 3 por cento quer barrar-lhe a entrada. Perto de 80 % considera ainda que o governo devia estar a fazer mais para ajudar toda essa massa de gente que foge da guerra.
Mas nem sempre a disponibilidade manifesta pelas populações coincide com as práticas políticas. Veja-se o caso da Austrália, quinto neste relatório da Amnistia: as respostas revelam que sete em cada dez considera que o governo devia fazer mais. Mas o ministro da imigração, Peter Dutton, no auge de um momento de campanha, esta semana, reivindicou que não seria possível aceitar mais pessoas porque “a maioria é deseducada, iletrada e está pronta a tirar o emprego aos locais.”
O relatório revelou ainda que a grande maioria dos refugiados não vive no mundo industrializado, sendo acolhido nos países em vias de desenvolvimento. Na Jordânia, por exemplo, onde já vivem 650 mil refugiados sírios, 84 por cento das pessoas afirma que se devia fazer mais. Também no Líbano, cujo quarto do total da população é refugiada, 69 % também insiste que é preciso ir mais além.
“Estes dados falam por si: as pessoas estão dispostas a ajudar toda esta massa de gente que foge da guerra; a falta de respostas é dos governos”, salientou Salil Shetty, secretária geral da Amnistia Internacional, citada pelo The Guardian, antes de classificar:”É uma vergonha.”