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Mário Cruz na sua foto de perfil do Facebook
“Soube do que se passava em 2009, quando estive na Guiné-Bissau a fazer a cobertura das Presidenciais. As pessoas diziam-me que as crianças desapareciam e suspeitava-se que iam para o Senegal. Fiquei a pensar nisso, decidi investigar e, no ano passado, depois de meio ano a fazer contactos, fui para lá.”
Quem fala assim, com toda essa simplicidade, é Mário Cruz, 28 anos, o fotógrafo português hoje premiado no concurso do World Press Photo. A boa nova chegou-lhe há pouco mais de uma hora, no momento em que falamos com ele, uma voz simpática que ainda pede desculpa por não ter respondido logo: “Tenho 96 chamadas não atendidas no meu telemóvel.”
Com o trabalho de casa feito, depois de meio ano de investigação, lá foi ele. “Sabia ao que ia mas chocou-me na mesma: não só o estado físico das crianças, como a dimensão de um fenómeno fora de controlo, mas sobretudo a indiferença. De todos. Fico muito feliz com este prémio porque, apesar de o tema não estar na atualidade dos noticiários, o World Press Photo vai mostrar a realidade.”
O trabalho foi publicado esta quarta-feira na revista norte-americana Newsweek. “Ainda não sabia que tinha ganho” e este é o mote para contar o que falta. Que as notícias falam de um fotógrafo português da Agência Lusa mas a verdade, assume Mário Cruz, é que a agencia noticiosa portuguesa nada teve a ver com este trabalho – a viagem foi feita durante uma licença sem vencimento. “As publicações não investem neste tipo de trabalhos, são os prémios que lhe dão visibilidade e não devia ser assim”, revelando-se ainda satisfeito por tê-lo feito: “Senti que devia dar o meu contributo.”