Doze anos de Rui Moreira tiveram um impacto grande na política no Porto. A cidade tornou-se um puzzle imprevisível, com muitas peças a mudar de lado e combinações improváveis. Há apoiantes de Rui Moreira que vão para as listas do PS, outros que estão com a AD, enquanto o ainda vice-presidente de Moreira, Filipe Araújo, pondera uma candidatura em nome próprio e se tornou uma espécie de jocker da política portuense, com potencial para fazer estragos à direita, numa altura em que não é certo que a IL se junte à candidatura do social-democrata Pedro Duarte. Enquanto isso, Manuel Pizarro, candidato pelo PS, e Nuno Cardoso, independente que já foi presidente da câmara com o apoio socialista, vão fazendo caminho.

É preciso recuar no tempo para perceber a rede intrincada das relações que agora moldam a política da cidade. Em 2013, Luís Filipe Menezes era o candidato do PSD ao Porto. Uma decisão que, numa entrevista ao Expresso, dada em 2019, Menezes considerou “o maior erro político” da sua vida. Nessa altura, Pedro Duarte era o seu diretor de campanha e Filipe Araújo esteve entre os sociais-democratas que bateram com a porta, para apoiar o independente Rui Moreira, que viria a zangar-se com Rui Rio, mas que na altura tinha, pelo menos, o beneplácito de Rio, que queria ver derrotado o seu arquirrival Menezes. A saída que mais estrondo causou na altura foi, porém, a de Francisco Ramos, que liderava o PSD Porto e que passou para as fileiras de Moreira. Doze anos mais tarde, Ramos é um dos apoios de peso de Pedro Duarte nesta corrida à Câmara Municipal do Porto e Filipe Araújo o possível cabeça de lista de um novo movimento independente. Mesmo que não haja movimento de Rui Moreira sem Rui Moreira, a ideia de que o seu vice-presidente pode avançar tem inquietado as hostes sociais-democratas, que veem neste momento uma oportunidade única para voltar a conquistar a Invicta.