Em comunicado, o ADN divulgou que vai apresentar uma queixa-crime contra Mamadou Ba “pelos crimes de difamação e de discriminação e incitamento ao ódio e à violência”. De acordo com o partido liderado por Bruno Fialho, o ativista e dirigente da SOS Racismo fez uma publicação na rede social X (antigo Twitter), a 17 de abril, na qual se referia ao partido como a “reencarnação do moribundo PDR do sulfuroso Marinho Pinto” e como “uma grupeta liderada pelo inefável Bruno Fialho, um reaça misógino, racista e xenófobo”.
“Mamadou Ba, ao escrever as referidas publicações supra, mentiu deliberadamente e atentou contra a honra e dignidade de Bruno Fialho, ferindo-o na sua dignidade pessoal e consideração social, pois, nem o presidente do partido nem o ADN são de extrema-direita, pelo contrário, são contra esta dicotomia de esquerda/direita que apenas divide as pessoas, e jamais iriam apelar ou concordar com ideologias ou posições racistas ou xenófobas”, lê-se na nota.
No documento, o partido acusa ainda Mamadou Ba, “dirigente de uma associação que supostamente devia lutar contra o racismo”, de promover “outro tipo de racismo, um racismo contra portugueses caucasianos”.
Recorde-se que o ADN foi a grande surpresa nas legislativas de 10 de março, conseguindo mais de 102 mil votos, dez vezes mais do que nas eleições anteriores (tinha conseguido apenas 10 911 votos em 2022), resultado que lhe valeu uma subvenção de quase 340 mil euros. Na semana passada tinha sido notícia, ao anunciar a psicóloga e comentadora Joana Amaral Dias como candidata às europeias de 9 de junho.
Logo a seguir às legislativas, o presidente Bruno Fialho tinha avisado, em declarações à VISÃO, que agora tem meios “para responsabilizar todos aqueles que desrespeitem” o ADN. “Não vamos admitir que continuem a dizer que o ADN é um partido extremista ou negacionista. O ADN é um partido de valores e de princípios. Abominamos a extrema-direita. Quem continuar a difamar e a insultar o partido terá de ser responsabilizado por isso”, sublinhou Bruno Fialho. Parece agora querer cumprir a promessa.
Mamadou Ba viu recentemente o Tribunal da Relação de Lisboa anular uma condenação em primeira instância, mandando repetir o julgamento no qual está acusado de difamação contra Mário Machado, também por uma publicação nas redes sociais, nas quais apontava o neonazi como uma das principais figuras responsáveis pelo homicídio de Alcindo Monteiro, jovem negro assassinado pela extrema-direita a 10 de junho de 1995, em Lisboa.