Foi no início deste ano que Elon Musk anunciou, na rede social X, que o Telepathy, um implante do tamanho de uma moeda, foi colocado pela primeira vez num cérebro humano, a 28 de janeiro. Na altura, o dono da startup de neurotecnologia garantiu que o doente, Noland Arbaugh, de 29 anos, e voluntário no estudo, estava “a recuperar bem” e que o implante já detetava atividade cerebral.
“Os primeiros resultados mostram picos de atividade neurológica promissores”, revelou a empresa. Este teste foi feito após aprovação da FDA, a agência norte-americana que regula o mercado dos medicamentos e alimentos, em 2023.
Mas esta quinta-feira, depois de o Wall Street Journal ter revelado que a capacidade de o paciente, tetraplégico desde um acidente de mergulho, mover o cursor através do pensamento tinha diminuído, Musk afirmou que o problema tinha sido corrigido.
“Nas semanas seguintes à operação”, explicou, “vários fios [revestidos com elétrodos que captam sinais neurais] retraíram-se do cérebro, resultando numa clara redução no número de elétrodos eficazes”. “Em resposta a essa mudança, alterámos o algoritmo de gravação para ser mais sensível aos sinais, aprimorámos as técnicas para traduzir esses sinais em movimentos do cursor e melhorámos a interface do utilizador”, explicou a Neuralink.
Em março, a empresa tinha divulgado um vídeo onde se via o mesmo paciente a jogar xadrez online com o pensamento, não mencionando o incidente. A empresa afirma que “o desempenho inicial” do doente foi, agora, superado. Noland utiliza o dispositivo 70 horas por semana, diz a empresa, a realizar testes que fazem parte dos ensaios clínicos mas também para realizar atividades a nível pessoal.
Este implante também já foi colocado num macaco, que foi capaz de jogar um videojogo sem comandos físicos. A empresa tinha, além disso, como objetivo colocar dispositivo em 10 pessoas, este ano.
Segundo a Neuralink, o objetivo deste implante é permitir que pessoas com incapacidade física consigam recuperar mobilidade e movimentos que agora estão restritos. Esta inovação vai “permitir que seja possível controlar qualquer dispositivo, como um telefone ou um computador, através do pensamento”, garante Musk, sublinhando que o grande objetivo é mesmo ajudar pacientes a contornarem casos de paralisia.
Benjamin Rapoport, o neurocirurgião cofundador da empresa, saiu em 2018 da Neurolink e abriu a sua própria empresa, Precision Neuroscience. Durante uma conversa recente no podcast The future of everything, do Wall Street Journal, Rapoport referiu preocupações com a segurança do dispositivo.
“Praticamente dediquei toda a minha vida profissional a trazer interfaces neurais do mundo da ciência para o mundo da medicina”, afirmou o médico, acrescentando que sentiu que, “para passar para o mundo da medicina e da tecnologia, a segurança é fundamental”.
“Para um dispositivo médico, a segurança muitas vezes envolve uma invasão mínima”, acrescentou, afirmando que o método utilizado pela Neuralink “causa uma certa quantidade de dano cerebral quando é reinserido”.