Luís Montenegro esperou pela hora dos telejornais para fazer os primeiros anúncios eleitoralistas, à 11.ª hora do congresso extraordinário do partido, neste sábado, em Almada. O presidente social democrata anunciou que o programa do PSD para as próximas legislativas conterá com um aumento das pensões para 820 euros, uma baixa generalizada do IRS, medidas contra a corrupção, além de investimentos na saúde e na educação. Nesta última área, Montenegro prometeu o descongelamento das carreiras dos professores “de forma gradual e exequível”.
Depois do ímpeto que trouxe à sala a visita surpresa do antigo primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva, “responsável pelo maior e mais profundo legado de desenvolvimento que Portugal conheceu no pós 25 de Abril”, segundo Montenegro, o líder laranja sentiu-se “inspirado”, sublinhando que estará “a altura do seu legados nos próximos anos”. E enumerando que terá como prioridade a economia, o tecido empresarial, a classe média, sem discriminar o setor privado e o social, nomeadamente, nas áreas da saúde e da educação.

Montenegro apontou o recurso ao privado como forma de resolver o problema dos portugueses sem médico de família e afirmou que dará acesso universal e gratuito a todas as crianças à creche e à pré-primária – “acesso efetivo”, disse, sugerindo que promessa do atual Governo não passou disso mesmo, de uma promessa por cumprir. Para os jovens, também haverá medidas especiais, nomeadamente, uma baixa no IRS até aos 35 anos.
Num momento único na reunião magna, o presidente do PSD elogiou o Governo de Costa por ter “aumentado o salário mínimo nacional”, criticando-o logo de seguida por não ter conseguido fazer o mesmo com o salário médio, outra das suas prioridades. Assim como as pensões, sobre as quais disse: “não vamos cortar um cêntimo a nenhuma pensão. Vamos aumentá-las de uma forma geral e colocar a referência do complemento social para idosos nos 820 euros”, acrescentando que esta medida é “realizável” e “não coloca em causa o equilíbrio das contas públicas”.
O presidente social democrata elegeu também como áreas essenciais para a próxima legislatura medidas para compensar o défice demográfico, como a atração de recursos humanos estrangeiros, “acolhendo e integrando” com regulação e “dignidade”; e medidas anticorrupção que passarão por reduzir a burocracia, regular o lóbi e criminalizar o enriquecimento ilícito.
“A época dos truques vai acabar”, indicou, afirmando-se como “a única alternativa que conta” ao PS.
“Sei que as pessoas esperam mais de mim do que aquilo que eu fui capaz de mostrar até agora, mas eu estou aqui para fazer isso. Vamos ter de dar mais. Eu tenho ouvido o mais que posso, para poder decidir bem e é neste registo que eu quero governar. Eu oiço mesmo as pessoas, tenho ouvido que tenho de ser mais energético, mais acutilante e depois também tenho outros que me dizem que tenho de ter mais contenção. Eu compreendo e respeito todos”, referiu, concluindo que de si “só podem esperar uma coisa”: “que seja o que sempre fui. Não quero ser juiz em causa própria, mas fui sempre combativo e ao mesmo tempo sensato”.