O ministro das Infraestuturas, João Galamba, garantiu, esta quita-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, não ter mentido ao País a propósito de uma reunião com a ex-CEO, Christine Ourmières-Widener, da TAP a 16 de janeiro, dias antes da audição da ex-administradora no Parlamento. O ministro referiu ter admitido a realização de uma reunião entre a gestora, membros do seu gabinete e deputados do PS, acrescentando que estes encontros são normais.
Quanto à reunião de dia 16 de janeiro, João Galamba afirmou ter já admitido que, no tal encontro, deu conta à ex-CEO da reunião do dia seguinte e que, posteriormente, Frederico Pinheiro, o seu ex-assessor, deu-lhe conhecimento da vontade de Christine Ourmières-Widener em participar.
Pedro Filipe Soares, deputado do BE, confrontou João Galamba com o facto de, num comunicado de abril, o ministério ter omitido a sequência de reuniões, só a tendo admitido em maio.
João Galamba está a ser ouvido na CPI da TAP. O ministro já fazia parte da lista de personalidades a inquirir pela comissão de inquérito, que está a deixar para o fim os políticos, mas, face ao conhecimento público de uma reunião preparatória entre o grupo parlamentar do PS, membros de gabinetes do Governo e a ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, na véspera da audição na comissão de Economia, em janeiro, e consequente polémica sobre as notas daquela reunião, a audição do governante foi antecipada.
O referido caso remonta a 26 de abril, envolvendo denúncias contra o ex-adjunto Frederico Pinheiro por violência física no Ministério das Infraestruturas e furto de um computador portátil, já depois de ter sido exonerado por “comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades” inerentes ao exercício das funções, e a polémica aumentou quando foi noticiada a intervenção do Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação desse computador.
O ministro das Infraestruturas considerou ainda que as privatizações passadas da TAP, tentadas e uma concretizada, “foram remendos com parceiros pouco fiáveis” com modelos de negócio pouco sustentáveis, sublinhando que o decreto-lei para a próxima abertura de capital permitirá diferentes opções
“As privatizações passadas e várias tentativas, de facto, no nosso entendimento foram remendos com parceiros pouco fiáveis, com modelos de negócios pouco sustentáveis e, de facto, concordo com o senhor deputado [Bruno Dias, PCP], de que as múltiplas experiências passadas, tentadas e uma em concreto concretizada e depois alterada não são de facto exemplos de processo”, afirmou João Galamba, na comissão parlamentar de inquérito à TAP.
O ministro acrescentou que o modelo para a próxima abertura de capital não está ainda definido, o que acontecerá na publicação do decreto-lei, que será “suficientemente aberto” para permitir várias opções.
“O senhor primeiro-ministro já disse publicamente que o Estado português deseja manter uma participação na TAP. A preocupação do Governo é e tem sido sempre em toda a nossa atuação, em particular na minha, […] tem sido defender a TAP, defender a sustentabilidade futura da TAP”, sublinhou.