Paulo Raimundo, que não tem assento na Assembleia da República, ainda terá de passar pelo crivo do Comité Central, na próxima reunião de 12 de novembro, mas é já certa a sua eleição, no próximo fim de semana, para o cargo de secretário-geral, ao qual Jerónimo de Sousa chegou em 2004.
O novo líder comunista é militante do partido desde 1994 e, no último congresso, em 2020, tinha sido eleito para o núcleo duro de Jerónimo de Sousa, ou seja, a Comissão Política e o Secretariado do Comité Central. Será o primeiro secretário-geral do PCP nascido após a Revolução de 1974.
Ainda que, desde há poucos meses, Paulo Raimundo tenha começado a dar nas vistas, sendo a aposta do partido para falar em conferências de imprensa, a verdade é que o percurso do dirigente é completamente desconhecido; ao ponto de o PCP ter sentido a necessidade de estabelecer um perfil do novo líder em anexo à nota da despedida de Jerónimo de Sousa, que enviou às redações.
Mas o facto de ter passado a ser a voz do partido levou, em março, a VISÃO a avançar que em causa estariam sinais de altos voos para este dirigente. É que nesse mês, no comício do Campo Pequeno, Raimundo tinha sido a voz escolhida para abrir aquele encontro em Lisboa. Fontes comunistas tinham adiantado que o agora novo líder do PCP começava a ganhar protagonismo com a ajuda de Francisco Lopes, o homem forte do partido.
O contacto com o partido deu-se quando tinha 15 anos, ao aderir à Juventude Comunista Portuguesa, tornando-se funcionário da mesma estrutura aos 20 anos.
Com 46 anos, Raimundo é casado e tem três filhos, segundo o PCP. Nasceu em Cascais, porque os pais, como trabalhadores rurais, eram na altura “funcionários do Estoril Futebol Clube, em cujas instalações também residiam”. A família terá rumado a Setúbal, mais concretamente ao Faralhão, freguesia do Sado, quando era criança.
Sinaliza o partido que “muito novo acompanhou a mãe nos trabalhos que realizava na agricultura, nas limpezas e nas obras, e, num determinado período, passou efectivamente a trabalhar com a mãe, nomeadamente na apanha de marisco”. Conta com o 12º. ano, que tirou à noite como trabalhador-estudante. Antes de se tornar animador cultural na Associação Cristã da Mocidade (ACM) na Bela Vista, foi carpinteiro e também padeiro.
O contacto com o partido deu-se quando tinha 15 anos, ao aderir à Juventude Comunista Portuguesa, tornando-se funcionário da mesma estrutura aos 20 anos. Passou a militante do PCP em 1994 e transitou para a estrutura do partido em 2004, como funcionário.
Acumulou um percurso político em Setúbal, chegando ao Comité Central em 1996, quando o líder do PCP era Carlos Carvalhas.
A partir daí foi ascendendo na máquina da Soeiro Pereira Gomes, já que nos congressos seguintes, em 2000, e 2004, passou a fazer parte da comissão política do Comité Central e ainda recebeu nas mãos a organização regional de Braga do PCP.
Já nos últimos dois congressos, em que já era falada a substituição de Jerónimo de Sousa, chegou ao secretariado do PCP, tendo internamente as funções de acompanhar o movimento sindical nas empresas públicas.