Joe Berardo foi detido na manhã desta terça-feira pela Polícia Judicária (PJ), por suspeitas da prática dos crimes de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais. O seu advogado André Luiz Gomes também foi detido.
Em causa, está a forma como o empresário madeirense conseguiu obter, em 2006, quatro empréstimos no valor de, pelo menos, 350 milhões de euros junto da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Mas não terá ficado por aqui. De acordo com comunicado da PJ, o grupo empresarial controlado por Berardo terá causado, no total, “um prejuízo de quase mil milhões de euros” à CGD, mas também ao Novo Banco e ao BCP, “tendo sido identificados atos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património”. É, aliás, a forma como Berardo dissipou o seu património e dinheiro, através de várias empresas-veículo, que está na mira das autoridades. O esquema ter-lhe-á permitido escapar aos credores, ao longo dos anos, provocando avultados prejuízos ao banco público e às restantes instituições financeiras.
A PJ e o Ministério Público (MP) prosseguem, neste momento, as investigações, estando em curso cerca de 50 buscas em vários locais (como Lisboa, Funchal e Sesimbra). Através de uma nota enviada à comunicação social, o MP dá conta que decorrem “20 [buscas] domiciliárias, 25 não domiciliárias, três a estabelecimentos bancários e uma a escritório de advogado, tendo ainda sido emitidos dois mandados de detenção”.
De acordo com as primeiras informações, o MP acredita que Joe Berardo utilizou o capital proveniente da Caixa para comprar ações do BCP (que mais tarde perderiam valor), reforçando assim o seu papel como acionista naquele banco. Para obter os empréstimos na CGD, o empresário terá beneficiado de uma relação privilegiada com o Governo, liderado, à época, por José Sócrates. Em troca, Estado e Fundação Berardo terão estabelecido um acordo de comodato, pelo prazo de dez anos, para que as obras de arte da coleção privada do empresário madeirense ficassem expostas no Centro Cultural de Belém. Na altura, a leiloeira britânica Christie’s avaliaria o acervo de Berardo em 316 milhões.
(Notícia atualizada às 14h00 com a informação da detenção do advogado de Joe Berardo, André Luiz Gomes, e o comunicado da PJ no âmbito da investigação à CGD)