Estávamos a 4 de dezembro de 2018. A Câmara Municipal de Pedrógão Grande (CMPG) enfrentava duas investigações criminais – a mais mediática incidia sobre as alegadas fraudes na reconstrução de casas, denunciadas pela VISÃO, a outra envolvia o presumível desvio de dinheiro por parte de três funcionários – e, por isso, contratou a Rosa Lopes, Gonçalves Mendes & Associados, Sociedade de Contas, Lda. para realizar uma auditoria forense às contas do período 2013-2017. A adjudicação, feita por ajuste direto, custou 36 mil euros.
Primeiro problema: passados 14 meses, ninguém conhece as conclusões do trabalho, mesmo que o contrato estipulasse um limite de seis meses para a prestação do serviço. “Foi já entregue o relatório (versão sujeita a eventuais ajustamentos), aguardando-se comentários”, responde José Gonçalves Mendes, em nome da empresa. Do lado da câmara a versão é diferente, mas atesta que o documento está na gaveta do presidente. “O relatório e as conclusões são conhecidos e já foram entregues a quem de direito”, revela o município. A quem se refere, na prática? “‘O quem de direito’ somos nós, a CMPG”, acrescenta, num segundo email remetido à VISÃO, o gabinete de Valdemar Alves, que diz apenas que “em breve” apresentará os resultados da auditoria.
E esse não é o único ponto controverso do caso. Quatro meses antes, a Rosa Lopes, Gonçalves Mendes & Associados fora recrutada para a revisão da contabilidade do município no biénio 2018-2019, situação que, na perspetiva de João Paulo Batalha, presidente da associação Transparência e Integridade, pode conduzir a “uma tentação ou um incentivo para ser diplomática nas conclusões que produzir”.
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