A embaixadora da Ucrânia em Portugal escreveu uma carta ao presidente do Monte da Ravasqueira a solicitar que os rótulos das garrafas de vinho Guarda Rios sejam corrigidos. O problema, segundo Inna Ohnivets, é no mapa da Europa surgir uma Ucrânia amputada da sua península a sul, a Crimeia, invadida e anexada ilegalmente pela Rússia em 2014, na sequência da revolução de Kiev, que extinguiu a influência russa no governo do país.
“É com grande incompreensão que tomo conhecimento de que no referido rótulo é exibido o mapa da Ucrânia sem a península da Crimeia, parte integrante do seu território”, escreve a embaixadora, na missiva dirigida a Pedro de Mello, presidente da empresa portuguesa, e enviada esta semana. “A Comunidade Internacional, incluindo Portugal, apoiou a integridade territorial da Ucrânia votando a favor da Resolução da Assembleia Geral da ONU “Integridade Territorial da Ucrânia”.
Inna Ohnivets recorda que “a Crimeia pertence jurídica e legalmente à Ucrânia” e que, devido à anexação ilegal, “a Rússia está a ser penalizada com sanções pela Comunidade Internacional”.
Finalmente, a embaixadora pede a substituição dos rótulos. “O mapa da Ucrânia usado no referido rótulo de vinho Guarda Rios induz em erro os consumidores portugueses quanto ao estatuto da Crimeia, a qual integra o território ucraniano. Solicito, portanto, que o mapa da Ucrânia usado nestes rótulos seja devidamente corrigido”.
A VISÃO contactou o diretor de comunicação do Monte da Ravasqueira, que garante que a empresa foi apanhada de surpresa e que não há qualquer intenção política no erro – até porque os mapas das garrafas são muito anteriores ao conflito Ucrânia-Rússia. “Os rótulos são os mesmos desde 2004”, diz Gonçalo Ribeirinho dos Santos. “Estamos agora a tentar perceber o que se passou e a decidir se mudamos ou não os rótulos.”
Leia a carta integral da embaixadora Inna Ohnivets: