Os soldados russos estão a receber doses de Viagra para violar mulheres ucranianas. A acusação é feita por uma advogada da Organização das Nações Unidas (ONU). “Quando mulheres e meninas são sequestradas e violadas durante dias, quando se vê violar meninos e homens, quando se vê uma série de casos de mutilação genital, quando se ouve os depoimentos de mulheres evocando soldados russos equipados com Viagra, [percebe-se que] há, claramente, uma estratégia militar”, explicou, em entrevista à agência francesa de notícias AFP.
Segundo Pramila Patten, a ONU verificou mais de 100 casos de violação ou agressão sexual na Ucrânia desde que a Rússia começou a sua invasão em fevereiro de 2022 e a advogada acredita que o número de casos relatados é “apenas a ponta do iceberg” porque a violência sexual é amplamente subnotificada em conflitos.
“É muito complicado ter estatísticas fiáveis durante um conflito ativo, além de que os números nunca refletem a realidade, porque a violência sexual é um crime silencioso, o menos denunciado e o menos condenado”, explicou a responsável da ONU, alegando que há sempre medo de represálias e de estigmatização.
As vítimas são principalmente mulheres e meninas, mas também meninos e homens, avançou Pramila Patten, citando um relatório divulgado no final de setembro pela comissão internacional independente de inquérito (criada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU).
Este relatório “confirmou crimes contra a humanidade cometidos pelas forças russas e, de acordo com depoimentos recolhidos, a idade das vítimas de violência sexual varia entre os 4 e os 82 anos. Há muitos casos de violência sexual contra crianças, que são violadas, torturadas e raptadas”, sublinha.
“A minha luta contra a violência sexual é, de facto, uma luta contra a impunidade”, considerou Pramila Patten, explicando que foi por essa razão que foi para a Ucrânia em maio passado.
“Para enviar um sinal, um sinal forte para as vítimas, para lhes dizer que estamos com elas e para lhes pedirmos que quebrem o silêncio. Mas também para enviar um forte sinal aos violadores, [dizer-lhes que] o mundo observa-os e que não ficará sem consequências a violação de uma mulher, de uma menina, de um homem ou de um menino”.