Desde a sua fundação, em 2009, que o MoVimento 5 Estrelas (M5S) tem promovido iniciativas com piada. Giuseppe Conte, o atual líder do partido populista, eurocético e antissistema, já pouco tem que ver com Beppe Grillo, o humorista que, nos bastidores, definia o rumo político da organização defensora da democracia direta e digital e era o responsável pelo controverso V-Day ‒ ou dia do vaffanculo (de mandar a classe dirigente, digamos, às urtigas). No entanto, Conte, antigo professor de Direito e ex-primeiro-ministro entre 2018 e 2021, está a conseguir, com os seus assessores e apaniguados, responder de forma engenhosa à polémica migratória protagonizada pela mulher mais poderosa de Itália. Giorgia Meloni converteu o debate sobre as migrações numa prioridade nacional ‒ e para a União Europeia ‒, tal como prometera na campanha eleitoral que a levou ao Palácio Chigi, residência oficial do chefe do governo, em Roma. Há pouco mais de dois anos, ela afirmou que a península transalpina estava a ser “invadida por hordas” de africanos e asiáticos e que, para travar essa vaga migratória no Mediterrâneo, iria mobilizar a Marinha para impor um “bloqueio naval” no mare nostrum.
A NOVA GUANTÁNAMO