O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou esta terça-feira a antecipação do Natal – celebrado, geralmente, a 25 de novembro – para o próximo dia 1 de outubro. “Estamos em setembro e já parece Natal. Então, este ano – como forma de prestar homenagem e agradecer-vos – vou decretar que o Natal seja antecipado para 1 de outubro”, declarou o líder venezuelano, eleito a 18 de julho para um terceiro mandato. Maduro desejou ainda a todos os venezuelanos um Natal de “paz, felicidade e segurança”.
A decisão, segundo o próprio, deve-se às “boas perspetivas económicas” obtidas no mês de agosto. “Setembro está a chegar e, graças ao facto de termos fechado o mês de agosto com boas perspetivas económicas, podemos dizer, e eu já disse: parece Natal”, referiu, agradecendo à população os seus esforços contra os ataques da oposição que apelidou de “fascistas”.
O presidente encontrava-se num programa de televisão para falar sobre uma falha de eletricidade que afetou 80% do território venezuelano na passada, sexta-feira. “O ataque elétrico criminoso fez parar a economia. Mas eles [a oposição] não conseguiram. O povo continuou a trabalhar, e com o apoio da classe trabalhadora e do sindicato da polícia cívico-militar, garantimos a paz absoluta e conseguimos recuperar, em tempo recorde, de um dos golpes mais mortíferos contra a pátria”, sublinhou.
Horas antes do decreto que antecipa o Natal, o Ministério Público emitiu um mandado de detenção de Edmundo González, opositor de Maduro, por alegados crimes relacionados com terrorismo. O anúncio surge numa altura em que a Venezuela atravessa uma grave crise política, que tomou novas proporções após a eleição de Maduro. As ondas de manifestação e protestos têm vindo a multiplicar-se nos últimos meses, tendo sido registadas mais de duas dezenas de vítimas mortais e cerca de duas mil detenções.
A tomada de posse de Nicolás Maduro está marcada para dia 10 de janeiro.
Esta não é, contudo, a primeira vez que as celebrações do Natal são antecipadas na Venezuela. Em 2020, as festividades foram comemoradas a 15 de outubro e, em 2021, no dia 4 do mesmo mês. Tal deve-se ao facto do regime venezuelano aproveitar a época festiva para intensificar a distribuição de alimentos à população, através de Comités Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), uma medida de combate à inflação.
De acordo com a CNN Brasil, a Conferência Episcopal Venezuelana apelou à não utilização do Natal para “fins propagandísticos ou políticos particulares”, reforçando que o feriado é uma celebração universal e que “o modo e o momento da sua celebração são da responsabilidade da autoridade eclesiástica”.