O trio de astronautas partiu a bordo de um foguetão pouco depois das 09:30 locais (01:30 em Lisboa) do centro de lançamento de Jiuquan, no deserto de Gobi, no noroeste do país, segundo a agência espacial chinesa responsável pelos voos espaciais tripulados (CMSA).
A viagem insere-se na estratégia de enviar um astronauta chinês à Lua até 2030, um dos principais objetivos de um programa espacial no qual o país já investiu milhares de milhões de euros.
O comandante da missão, o veterano Jing Haipeng (56), realiza o seu quarto voo espacial e é acompanhado pelo engenheiro Zhu Yangzhu, e por Gui Haichao, professor e primeiro civil chinês no espaço, ambos com 36 anos.
Especialista em ciências e engenharia espaciais, Haichao será o responsável pelas experiências na estação e não vem das Forças Armadas, como sempre aconteceu até agora.
Representantes do programa espacial chinês garantiram na segunda-feira que a mudança de requisitos se deve “à nova fase em que entrou a estação espacial de Tiangong, durante a qual vai albergar um grande número de experiências científicas”.
A estação irá acolher investigação sobre o cultivo de plantas, criação de peixes, testes de comportamento de fluidos em gravidade zero e estudos de células animais e vegetais, bem como a instalação do relógio atómico mais preciso de sempre.
Os três astronautas são os primeiros a chegar à Tiangong, onde irão passar os próximos cinco meses, depois da conclusão da construção da estação espacial chinesa, no final de 2022.
O vice-diretor da CMSA, Lin Xiqiang, disse na segunda-feira que o país “espera e dá as boas-vindas” à participação de astronautas estrangeiros em missões chinesas.
A China já tem atualmente projetos de cooperação com a Agência Espacial Europeia e o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Espaciais Exteriores, que podem vir a aumentar, tendo em conta que a Tiangong pode em breve tornar-se a única estação espacial operacional.
Em 2019, o país pousou uma nave espacial no lado mais distante da Lua, tornando-se a primeira nação do mundo a fazê-lo, e em 2020, trouxe de volta amostras lunares e finalizou o Beidou, o seu sistema de navegação por satélite.
Em 2021, a China fez aterrar um pequeno robô em Marte, e o próximo passo é garantir o lançamento de duas missões espaciais tripuladas por ano, segundo a CMSA.
A próxima será a Shenzhou-17, cujo lançamento está previsto para outubro.
O país quer ainda lançar em 2030 a missão espacial Tianwen-3, para recolher e trazer de volta para a Terra amostras do solo de Marte, disse à Lusa no início do mês o cientista português André Antunes, responsável pela unidade de astrobiologia do Laboratório de Referência do Estado para a Ciência Lunar e Planetária da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).
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