A chanceler alemã percebeu os limites da sua influência na ONU ao não conseguir criar uma vaga de fundo de apoio à búlgara Kristalina Georgieva para Secretária geral da organização. Num braço-de-ferro com a Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança, Merkel perdeu. O governo búlgaro, apesar das pressões de Berlim e Bruxelas nas últimas horas, anunciou esta terça-feira que não trocava a sua candidata oficial a sucessora de Ban Ki-moon e manteve na corrida Irina Bokova, atual diretora Unesco.
O processo de candidatura estava ao rubro, depois de Moscovo ter classificado de “inaceitável” a tentativa de Angela Merkel de influenciar a decisão de Sófia. Nos últimos dias, a chanceler alemã tinha-se multiplicado em contactos, em particular na última cimeira do G20, para impor um novo nome no processo de candidatura mais próximo do perfil inicial: mulher e do leste europeu. Um nome que não tivesse sofrido o desgaste das votações no processo aberto da ONU para escolher o novo Secretário geral. Após a quarta votação – em que António Guterres continua a favorito – a búlgara está em quinto lugar, com sete votos de encorajamento e cinco de desencorajamento. Em primeiro lugar continua o Guterres, com 12 votos de encorajamento e dois de desencorajamento. A quinta votação está marcada para 26 de setembro e só depois, em Outubro, começa o primeiro escrutínio com os votos de peso dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança: China, EUA, Rússia, França e Reino Unido.
Bruxelas também sofre um revés. O chefe de gabinete do presidente da Comissão Europeia, Martin Selmayr, quebrou a tradicional neutralidade da instituição num tweet. “Será uma grande perda para a Comissão, mas Kristalina será uma Secretária geral forte e deixará orgulhosos muitos europeus”, escreveu.